Bolsonaro é a ‘maior ameaça’ do Brasil na luta contra a covid-19, diz revista

Em editorial, a revista "The Lancet" afirma que Bolsonaro perdeu "compasso moral" em meio a pandemia e atrapalha a luta contra o coronavírus no Brasil

Bolsonaro é 'maior ameaça' do Brasil na luta contra a covid-19, diz revista

Neuto Segundo

Publicado em: 08/05/2020 às 10:43 | Atualizado em: 08/05/2020 às 10:43

Bolsonaro perdeu “compasso moral” em meio a pandemia, diz revista “The Lancet”.

Em editorial, publicação científica afirma que presidente talvez seja a maior ameaça à resposta do país à covid-19.

Após demissão de Mandetta e Moro, Bolsonaro “precisa mudar de curso ou terá de ser próximo a sair”, diz.

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Num veemente editorial intitulado Covid-19 no Brasil: “E daí?”, em que critica a gestão da pandemia do coronavírus Sars-Cov-2, a revista científica britânica The Lancet escreveu que “talvez a maior ameaça à resposta do país à covid-19 seja seu presidente, Jair Bolsonaro”

O título do texto, publicado nesta quinta-feira (07), destacou a declaração pronunciada por Bolsonaro depois que o Brasil ultrapassou 5 mil óbitos em consequência da covid-19, a doença causada pelo coronavírus.

“E daí, quer que eu faça o quê? Sou Messias, não faço milagres”, disse a repórteres, após ser questionado sobre o veloz aumento das mortes no país.

A publicação destaca que Bolsonaro “não só semeia confusão ao escarnecer e desencorajar medidas sensatas de distanciamento social e lockdown (bloqueio total)” adotadas por governadores estaduais e cidades em todo o país, mas que também perdeu “dois importantes e influentes” ministros nas últimas três semanas: o da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro.

“Tal desordem no coração do governo é uma distração fatal em meio a uma emergência de saúde pública e também um sinal forte de que a liderança do Brasil perdeu seu compasso moral – se é que jamais teve algum”, diz o texto.

 

Vácuo político

 

A The Lancet afirmou ainda que combater a pandemia de covid-19 no Brasil já seria difícil mesmo sem “vácuo de ações políticas”, devido ao fato de cerca de 13 milhões de pessoas viverem em favelas, onde a alta densidade populacional torna difícil a implementação de medidas de distanciamento.

A publicação exemplificou ainda ações tomadas pelas comunidades científicas e de saúde e pela sociedade civil “num país conhecido por seu ativismo e sua oposição clara a injustiças e desigualdades, e onde a saúde é um direito constitucional”

Por outro lado, “liderança no mais alto nível governamental é crucial para evitar rapidamente o pior desfecho desta pandemia, como ficou evidente em outros países”.

“Como país, o Brasil precisa se unir para dar uma resposta clara ao ‘E daí?’ de seu presidente. Ele precisa mudar drasticamente de curso ou terá que ser o próximo a sair”.

 

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Foto: Marcos Correa/PR