Aliados do ex-presidente veem nas declarações do ministro da Defesa um argumento para reforçar que Bolsonaro colaborou com a transição e não tentou um golpe.
Durante entrevista ao “Roda Viva”, José Múcio Monteiro relatou que enfrentou dificuldades para ser recebido pelos comandantes militares. Então, ele pediu ajuda a Bolsonaro, que interveio.
O ministro afirmou que o ex-presidente telefonou para os chefes das Três Forças, tentando facilitar a transição do comando das Forças Armadas em dezembro de 2022.
A defesa de Bolsonaro pretende usar esse relato para questionar o relatório da Polícia Federal. O relatório indiciou Bolsonaro por tentativa de golpe após sua derrota nas eleições.
Os advogados argumentam que, se Bolsonaro tivesse realmente articulado um golpe, não teria atuado para garantir uma transição pacífica no comando militar.
Além disso, eles planejam usar a fala de Múcio para contestar a narrativa da PF de que a reunião de 14 de dezembro de 2022 foi uma preparação para o golpe.
Da mesma forma, pretendem rebater a acusação de que Bolsonaro pressionou os comandantes para aderirem ao plano de prender ou executar Alexandre de Moraes.
A PF sustenta que Bolsonaro teve 14 encontros com a cúpula militar após sua derrota e que o Exército abortou a tentativa de golpe por falta de adesão.
O relatório aponta que o ex-presidente chegou a redigir um decreto para oficializar a ruptura institucional, mas não assinou diante da resistência militar.
Por isso, a defesa tentará usar as declarações de Múcio para argumentar que Bolsonaro nunca teve controle total sobre as Forças Armadas nem influência suficiente para executar o plano.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil