Candidata do União Brasil não se elegeu nem com ajuda de facção criminosa

Flávia Fróes afirmou que sua principal proposta de campanha era defender os direitos de familiares de presos

Ferreira Gabriel

Publicado em: 27/03/2023 às 15:43 | Atualizado em: 27/03/2023 às 15:44

Concorrendo a deputada federal do Rio de Janeiro pelo União Brasil, a advogada Flávia Fróes não se elegeu mesmo com apoio de chefes do tráfico de drogas.

Ela comanda o Instituto Anjos da Liberdade, e esteve na prisão federal de Catanduvas (PR) para pedir o ajuda na sua campanha eleitoral em 2022. Flávia Fróes obteve 1.361 votos.

Ao jornal O Globo, Flávia afirmou que sua principal proposta de campanha era defender os direitos de familiares de presos. Ela também declarou que não recebeu o dinheiro de traficantes para a campanha.

Os pedidos da advogada, feitos em conversa no parlatório da penitenciária, foram gravadas em áudio e vídeo e constam em inquérito da Polícia Federal que apurou a interferência do tráfico e milícia nas eleições de 2022, relevado pelo Globo. Nos presídios federais, todas as conversas entre advogados e clientes são gravadas.

Segundo a investigação, Flávia pediu apoio a Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, chefe do tráfico no Complexo do Alemão, e Fabiano Atanasio da Silva, o FB, que comanda a venda de drogas no Complexo da Penha, ambos na Zona Norte do Rio de Janeiro. Os dois afirmaram que iriam apoiá-la.

A advogada disse a Marcinho VP que iria lutar pelos direitos dos presos. “Eu tô fazendo campanha para ser federal para que a gente efetivamente tenha chance de ter oportunidade de brigar lá em cima, como a gente sempre vem brigando, mas antes com o pires na mão, né.”

“Daqui a pouco eu vou perder um advogado e o povo vai ganhar uma parlamentar para defender os direitos do preso”, respondeu Marcinho VP.

Outro lado

Flávia Fróes afirmou ao Globo que pediu apoio eleitoral a diversos traficantes. “Minha principal plataforma de campanha era defender os direitos dos familiares das pessoas privadas de liberdade. Nada mais natural do que pedir voto aos familiares, como fiz. Sou, com orgulho, deputada de porta de cadeia, como me intitularam”, declarou.

A advogada disse que não recebeu dinheiro do tráfico de drogas para sua campanha. E apontou que o dinheiro solicitado a Marcinho VP era para pagar serviços de advocacia. “Não recebi dinheiro nenhum. Se tivesse recebido, não estaria com dívida de campanha. Na semana passada fui executada em R$ 100 mil por uma gráfica. O partido me deu apenas R$ 150 mil.”

Segundo a advogada, o inquérito da PF gerou um processo, na Justiça eleitoral, de inelegibilidade por abuso de poder econômico, que ainda está em tramitação.

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