Cerca de 25% dos pacientes intubados por covid morrem por sequelas, apĂ³s alta hospitalar

Entre os intubados na primeira internaĂ§Ă£o por covid, 40% tiveram que ser reinternados

Pacientes intubados com sequelas, apĂ³s alta hospitalar

Da RedaĂ§Ă£o do BNC AMAZONAS

Publicado em: 21/02/2021 Ă s 08:35 | Atualizado em: 21/02/2021 Ă s 08:35

Cerca de 25% dos pacientes intubados por covid morrem por sequelas, apĂ³s alta hospitalar, segundo estudos preliminares. Por exemplo, no perĂ­odo de seis meses apĂ³s a alta hospitalar, um em cada quatro pacientes graves de covid-19 que foram intubados acaba morrendo.

E entre os internados que nĂ£o precisaram de ventilaĂ§Ă£o mecĂ¢nica, a taxa de mortalidade Ă© de 2%, Ă© oque apresenta o Folha de SĂ£o Paulo/Uol.

Atualmente, os resultados preliminares sĂ£o do estudo CoalizĂ£o, conduzido por oito hospitais de excelĂªncia do Brasil e institutos de pesquisa, que avalia a qualidade de vida e os desfechos de sobreviventes de hospitalizações por covid-19.

Os participantes sĂ£o pacientes internados nessas instituições. SĂ£o monitorados por ligações telefĂ´nicas a cada trĂªs, seis, nove e 12 meses apĂ³s a alta hospitalar.

Assim tambĂ©m, os pesquisadores investigam, por exemplo, se eles foram reinternados por alguma razĂ£o, se sofreram eventos cardiovasculares e falta de ar e se voltaram ao trabalho e Ă s atividades habituais.

Como resultado, os dados jĂ¡ disponĂ­veis mostram que, no perĂ­odo de seis meses, a taxa de nova hospitalizaĂ§Ă£o geral desses pacientes foi de 17%. Entre os intubados na primeira internaĂ§Ă£o por covid, 40% tiveram que ser reinternados.

Leia mais

Mortes de pessoas com menos de 60 anos por covid registra crescimento

Rede

A rede Ă© formada pelos hospitais Albert Einstein, HCor, SĂ­rio-LibanĂªs, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz, BeneficĂªncia Portuguesa e os institutos Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).

Embora a intubaĂ§Ă£o esteja associada a uma maior taxa de mortalidade e complicações na internaĂ§Ă£o e apĂ³s a alta, Ă© a gravidade da doença, e nĂ£o o procedimento em si, a responsĂ¡vel pelos desfechos ruins.

Entretanto, a ressalva Ă© importante porque muitas pessoas tĂªm retardado a ida ao hospital com medo da intubaĂ§Ă£o, o que piora ainda mais o quadro clĂ­nico.

O estudo CoalizĂ£o ainda estĂ¡ compilando as causas das mortes e das reinternações dos sequelados pela covid, mas os dados preliminares jĂ¡ servem de alerta para a importĂ¢ncia do acompanhamento desses pacientes apĂ³s a alta.

O trabalho mostra que 20% dos pacientes que foram intubados ainda nĂ£o tinham voltado a trabalhar seis meses apĂ³s deixarem o hospital. Entre os que nĂ£o precisaram de ventilaĂ§Ă£o mecĂ¢nica, foram 5%.

Os primeiros resultados do estudo CoalizĂ£o envolveram 1.006 pacientes. Atualmente, mais de 1.200 estĂ£o sendo acompanhados e outros ainda serĂ£o incluĂ­dos. A idade mĂ©dia dos participantes Ă© de 52 anos, sendo 60% homens. O tempo mĂ©dio de hospitalizaĂ§Ă£o foi de nove dias. Um quarto necessitou de ventilaĂ§Ă£o mecĂ¢nica.

Transtornos mentais

Outro dado que chamou a atenĂ§Ă£o dos pesquisadores Ă© a alta taxa de queixas de transtornos mentais apĂ³s a alta hospitalar: 22% relatam ansiedade, 19%, depressĂ£o e 11%, estresse pĂ³s-traumĂ¡tico.

“Independentemente de terem sido ou nĂ£o intubados, o impacto na saĂºde mental Ă© grande. Em trĂªs meses apĂ³s a internaĂ§Ă£o, 20% dos pacientes intubados apresentam sinais de estresse pĂ³s-traumĂ¡tico. Entre os nĂ£o intubados, foram 12%”, diz diz Alexandre Biasi, diretor de pesquisa do HCor (Hospital do CoraĂ§Ă£o) e membro da CoalizĂ£o Covid-19 Brasil.

Leia mais no Folha.uol.

Foto: Marcello Casal Jr./ABr