A China registrou nesta quarta-feira (06) mais de 20 mil novos casos de covid-19, o maior balanço diário desde o início da pandemia, com maioria das infecções na capital econômica Xangai, que fez concessões nesta quarta-feira a uma impopular política de isolamento que separou crianças de seus pais e provocou protestos públicos. No entanto, estendeu um lockdown em toda a cidade, numa medida que deixou alguns moradores com dificuldade para comprar comida.
A Comissão Nacional da Saúde informou 20.472 contágios em 24 horas, o que supera os números do primeiro surto da pandemia detectado há dois anos na cidade de Wuhan, na região central do país.
Leia mais
O bloqueio da cidade mais populosa da China, que começou em partes de Xangai há 10 dias e agora confinou quase todos os seus 26 milhões de habitantes em casa, interrompeu massivamente a vida cotidiana e os negócios.
As críticas públicas às restrições, parte da estratégia de eliminação da Covid-19 de Pequim, variaram de reclamações sobre centros de quarentena lotados e insalubres a dificuldades na compra de alimentos ou no acesso a tratamento médico.
Embora o número de casos de Xangai permaneça pequeno para os padrões globais, a cidade surgiu como um banco de testes para a estratégia anti-covid de “limpeza dinâmica” da China, que busca testar, rastrear e colocar em quarentena centralmente todos os casos positivos e seus contatos próximos.
Analistas dizem que o impacto das restrições na economia está aumentando, especialmente para pequenas empresas, com quase 200 milhões de pessoas em toda a China sob algum tipo de lockdown, segundo estimativas do banco japonês Nomura.
A mais controversa das práticas de Xangai foi separar as crianças positivas para Covid-19 de seus pais, o que veio à tona no sábado e desencadeou um sentimento de revolta em todo o país.
O governo de Xangai respondeu às críticas há dois dias, permitindo que os pais que também foram infectados acompanhassem seus filhos aos centros de isolamento da Covid-19. As queixas, contudo, persistiram sobre crianças separadas de pais que não testaram positivo.
Concessão adicional
Em outra concessão na quarta-feira, uma autoridade de saúde de Xangai disse que tutores de crianças com necessidades especiais infectadas com Covid-19 agora podem se inscrever para acompanhá-las, mas precisariam cumprir certas regras e assinar uma carta dizendo que estavam cientes dos riscos.
Quando pressionado por mais informações, o governo de Xangai disse que havia emitido diretrizes para instituições médicas relevantes e que os pais que quisessem acompanhar seus filhos poderiam consultar essas instituições.
Os comentários trouxeram alívio público generalizado, especialmente entre os pais, embora alguns questionassem por que ainda havia a necessidade de se inscrever. Uma hashtag sobre o assunto na plataforma de mídia social chinesa Weibo atraiu mais de 40 milhões de visualizações na tarde de quarta-feira.
Leia mais no O Globo
Foto: Pixabay