O tenente-coronel Mauro Cid assume uma posição de destaque, senão a mais relevante, como uma das figuras mais próximas de Jair Bolsonaro (PL) ao longo dos quatro anos de seu mandato presidencial.
Cid gozava da confiança irrestrita do ex-presidente e participava ativamente de praticamente todas as atividades e planos da administração, independentemente de estarem alinhados com os princípios constitucionais.
Ele descreve sua função como cuidador da vida pessoal de Bolsonaro, afirmando ser possivelmente a pessoa mais informada sobre os acontecimentos ao longo do período de governo. Desde as situações cotidianas até os momentos mais complexos, Cid esteve presente em 99% das situações, sendo uma espécie de contrarregra que preparava o terreno para as ações do ex-presidente.
O ex-ajudante de ordens também compartilha detalhes sobre seu papel e relação com Bolsonaro. Ele foi escolhido como ajudante de ordens não devido a laços familiares com o presidente, mas por sua posição de destaque no Exército. Cid relata que lidava com as contas e cartões do ex-presidente, afirmando que Bolsonaro evitava o uso de cartão de crédito e que Cid pagava as contas diretamente no caixa para evitar possíveis problemas.
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Cid também menciona que Bolsonaro tinha receios sobre depósitos indevidos em sua conta e, por isso, Cid mantinha o controle financeiro, verificando os extratos regularmente. Durante o mandato, diversas pessoas pediam a Bolsonaro para assinar o chamado “decreto 142”, associado ao artigo 142 da Constituição, que trata das Forças Armadas. No entanto, Bolsonaro evitava a pressão por ações mais radicais e optava por ouvir sem tomar medidas concretas.
Uma revelação curiosa é que Cid usou o mesmo celular ao longo dos quatro anos do mandato presidencial, o que ressalta sua proximidade constante com Bolsonaro. Ele ainda conta que durante uma investigação, quando teve seu sigilo quebrado, assegurou ao presidente que não havia irregularidades.
Cid se coloca como uma testemunha privilegiada dos bastidores do governo Bolsonaro, com insights sobre sua personalidade, relações e tomada de decisões. Sua posição revela o papel central que desempenhou na administração presidencial.
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Foto: Geraldo Magela/Agência Senado