Cocaína e viagra, coquetel de facção para matar inimigos na prisão
A fórmula foi criada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) em meados dos anos 2000

Publicado em: 10/11/2021 às 14:07 | Atualizado em: 10/11/2021 às 14:07
O preso Juliano da Silva Soares, 36, pode ter sido vítima do “coquetel da morte” na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). Ele passou mal na cela 308, na manhã do último dia 26, foi atendido na enfermaria da unidade prisional, submetido a procedimento de urgência e transferido para a Santa Casa da cidade.
O coquetel da morte, mais conhecido no sistema prisional paulista como “gatorade”, é uma mistura de cocaína, viagra e água e, quando ingerido, causa overdose.
A fórmula foi criada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) em meados dos anos 2000 para matar os inimigos.
Soares morreu no dia seguinte. No xadrez ocupado por ele e outros quatro presos foram encontrados no ralo do banheiro 5,14 g de cocaína, 8,11 g de maconha, 14 comprimidos de cor azul, 20 de cor branca e quatro de cor verde, todos aparentando ser estimulantes sexuais.
Os presidiários Alexsandro Aparecido Bonifácio Santana, Carlos Ronaldo Correa, Deives Aparecido Manoel, Sidnei Oliveira da Cruz e Wanderlei Macambira de Brito foram isolados preventivamente em regime de cela disciplinar pelo prazo de dez dias.
Procurada pela reportagem, a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) informou por meio de nota que a direção da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau abriu procedimento de apuração preliminar para checar os fatos.
Leia mais
PCC cresce na região Norte e deixa forças de segurança em alerta
Dificuldade de ação da PF fez Bolívia virar base de cartel do PCC
Mistura Fatal
Condenado a 62 anos e quatro meses por assaltos e latrocínio (roubo seguido de morte), Soares cumpria pena na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau desde 10 de novembro de 2009.
Ele já havia passado por vários presídios e cometido ao menos dez faltas disciplinares graves no sistema prisional.
Em meados de 2003, o PCC adotou uma nova tática para matar seus inimigos. Trocou as facas afiadas feitas com ferros na prisão e o “kit forca” (banquinho e lençol para usar em enforcamentos) pelo “gatorade”.
A mistura fatal causa overdose. Em muitos casos, a vítima morre em menos de meia hora.
O PCC desenvolveu essa técnica com um objetivo: evitar a responsabilização criminal dos faccionados envolvidos nos assassinatos dos rivais. Os exames apontam como “indeterminada” a causa da morte.
Leia mais na coluna de Josmar Jozino no UOL
Foto: Divulgação