Com forte alta no desmatamento, militares voltam Ă AmazĂ´nia
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o desmatamento na AmazĂ´nia Legal em maio foi o maior desde 2016, quando a sĂ©rie histĂ³rica teve inĂcio

Publicado em: 11/06/2021 Ă s 16:41 | Atualizado em: 11/06/2021 Ă s 16:45
Uma nova operaĂ§Ă£o militar na AmazĂ´nia liderada pelo vice-presidente da RepĂºblica, Hamilton MourĂ£o (PRTB), deve ter inĂcio nos prĂ³ximos dias. A decisĂ£o ocorre no momento em que a regiĂ£o volta a registrar forte alta no desmatamento.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o desmatamento na AmazĂ´nia Legal em maio foi o maior desde 2016, quando a sĂ©rie histĂ³rica teve inĂcio.
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É o terceiro mĂªs seguido de recorde de destruiĂ§Ă£o da floresta em 2021 – os militares deixaram a Ă¡rea em abril.
AĂ§Ă£o depende da GLO
A iniciativa jĂ¡ estĂ¡ em andamento dentro das Forças Armadas e sĂ³ depende agora da publicaĂ§Ă£o de um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), para formalizar a operaĂ§Ă£o, alĂ©m de acordo com os Estados que serĂ£o alvo da medida, como Amazonas e ParĂ¡.
Em 28 dias de maio, a regiĂ£o atingiu a marca de 1.180 km² de desmate, avanço de 41% em relaĂ§Ă£o ao mesmo mĂªs de 2020.
NĂºmero inĂ©dito
Desde o inĂcio da sĂ©rie histĂ³rica, com a operaĂ§Ă£o do satĂ©lite Deter-B, Ă© a primeira vez que o nĂºmero ultrapassa 1 mil km² para esse mĂªs.
Segundo o Inpe, no acumulado desde agosto, vem caindo rĂ¡pido a diferença entre a Ă¡rea recorde de alertas do ano passado e a deste ano: em janeiro o desmatamento em 2021 era 21% menor que em 2020.
Agora a diferença é de 8%, e ainda pode cair mais.
Procurado pelo “EstadĂ£o”, na semana passada, o ObservatĂ³rio do Clima havia afirmado que o dado de maio “Ă© preocupante, porque o mĂªs marca o inĂcio da estaĂ§Ă£o seca, quando a devastaĂ§Ă£o se intensifica, em grande parte da RegiĂ£o AmazĂ´nica”.
“A permanecer a tendĂªncia nos prĂ³ximos dois meses, a taxa oficial de desmatamento de 2021 poderĂ¡ terminar com uma inĂ©dita quarta alta consecutiva”, disse em nota.
AĂ§Ă£o improvisada
Esse retorno militar tenta novamente remediar um problema crĂ´nico na Ă¡rea ambiental, que Ă© a falta de agentes em campo para atuar contra desmatamento e queimadas.
HĂ¡ um dĂ©ficit crescente no efetivo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenovĂ¡veis) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade) para fazer as fiscalizações necessĂ¡rias.
AtĂ© o ano passado, o Ibama, que Ă© o principal Ă³rgĂ£o do governo federal na proteĂ§Ă£o da maior floresta tropical do mundo, contava apenas com 591 agentes ambientais para enfrentar o avanço do crime ambiental, e isso nĂ£o sĂ³ na AmazĂ´nia, mas em todo o PaĂs.
Esse quadro de agentes Ă© 55% inferior ao que o instituto detinha dez anos atrĂ¡s.
Em 2010, eram 1.311 fiscais em atuaĂ§Ă£o. No ICMBio, que cuida das unidades de conservaĂ§Ă£o do PaĂs, o efetivo Ă© ainda menor para esse trabalho.
Na semana passada, o Ibama anunciou a contrataĂ§Ă£o temporĂ¡ria de 1.659 brigadistas para atuarem em 18 Estados no perĂodo de seca, fazendo ações com fogo controlado, para evitar que os incĂªndios se espalhem.
Foco
MourĂ£o, que preside o Conselho Nacional da AmazĂ´nia Legal, tinha anunciado em fevereiro o fim da OperaĂ§Ă£o Verde Brasil 2.
Na ocasiĂ£o, porĂ©m, o vice-presidente havia sinalizado que, se fosse necessĂ¡rio, os militares seriam novamente acionados.
Nos meses seguintes, questionado em vĂ¡rias ocasiões pela reportagem do “EstadĂ£o” sobre os Ăndices de desmatamento e a fiscalizaĂ§Ă£o a cargo de Ibama e ICMBio, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, delegou a responsabilidade pelo controle ao vice-presidente Hamilton MourĂ£o, alegando que, atĂ© abril, ainda estava em vigor a chamada Garantia de Lei de da Ordem (GLO).
O efetivo militar para a nova GLO ainda estĂ¡ sendo calculado para aquela que deverĂ¡ ser uma operaĂ§Ă£o do tipo “Verde Brasil 3”.
Conforme apurou a reportagem, a força militar a ser utilizada deverĂ¡ ser inferior Ă quela utilizada entre o ano passado e este ano.
JĂ¡ as ações devem ser concentrar em locais onde, historicamente, ocorrem os maiores Ăndices de queimadas e desmatamento. Nesta relaĂ§Ă£o estĂ£o 11 municĂpios prioritĂ¡rios.
No estado do ParĂ¡, serĂ£o priorizados SĂ£o FĂ©lix do Xingu, Altamira, Novo Progresso, PacajĂ¡, Portel, Itaituba e RurĂ³polis. No Amazonas as ações se concentrarĂ£o na regiĂ£o de ApuĂ e LĂ¡brea. No Estado de Mato Grosso, a regiĂ£o de Colniza deve receber reforço, assim como Porto Velho, em RondĂ´nia.
Recursos
Na operaĂ§Ă£o Verde Brasil 2, que ocorreu entre maio de 2020 e abril de 2021, foram aplicados R$ 410 milhões, segundo Hamilton MourĂ£o. Quando a iniciativa foi encerrada, o governo anunciou o Plano AmazĂ´nia 21/22, que jĂ¡ previa uma continuidade de operações em Ă¡reas prioritĂ¡rias.
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Foto: DivulgaĂ§Ă£o