Com rios contaminados pelo garimpo, ianomâmis comem sardinha enlatada

A transformação do rio em uma massa viscosa e barrenta impede qualquer atividade de pesca.

Com rios contaminados pelo garimpo, ianomâmis comem sardinha enlatada

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 27/01/2023 às 06:43 | Atualizado em: 27/01/2023 às 06:43

Com os rios contaminados pelos garimpeiros de ouro, famílias ianomâmis estão recebendo doações de latas de sardinha como alternativa ao alimento tradicional.

Segundo reportagem do Yahoo!Notícias, as latas de sardinha -presentes em pequenos fardos de comida que incluem pacotes de arroz, de farinha e de sal- são despejadas pelo ar.

Trata-se de uma ação, sem pouso da aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) na curta pista do PEF (Pelotão Especial de Fronteira) Surucucu, do Exército.

Na tarde desta quinta-feira (26), a reportagem embarcou no cargueiro KC-390 da FAB e acompanhou o socorro emergencial aos indígenas da terra ianomâmi.

De acordo com a publicação, o governo Bolsonaro (PL) viu a crise escalar e atingir o ápice em 2022, o ano em que mais de 20 mil invasores intensificaram o garimpo ilegal.

Dessa forma, ele consolidaram o avanço dos pontos de exploração rumo a áreas de aldeias antes distantes dos garimpeiros, com a conivência do governo.

Além disso, ano passado houve uma crise no fornecimento de medicamentos básicos aos indígenas, como vermífugos para as crianças.

Suspeita-se de fraude e corrupção no contrato assinado pela gestão Bolsonaro.

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Distribuição de alimentos

Uma ação em curso é a arrecadação e distribuição de alimentos por Exército e Aeronáutica.

Desde segunda-feira (23), o KC-390 da FAB faz sobrevoos na região de Surucucu, uma das mais afetadas na crise, arremessa pelo ar cargas com alimentos destinadas aos ianomâmis.

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) coordena a distribuição dos fardos de alimentos às aldeias. Nesta quinta, foram arremessadas oito toneladas de alimentos, num total de 320 cestas básicas.

A transformação do rio em uma massa viscosa e barrenta impede qualquer atividade de pesca.

Profissionais de saúde dizem que esses indígenas perderam o peixe em suas dietas, assim como a farinha, a mandioca e outros alimentos nutritivos, como a batata.

Da mesma forma, aldeias inteiras são cooptadas pelo garimpo, e plantações desaparecem nessas comunidades. Falta ainda água potável.

Os fardos com alimentos arremessados pela FAB incluem latas de “sardinha ao próprio suco com óleo comestível”.

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Foto: Exército Brasileiro