Conduta de Bolsonaro com AmazĂ´nia Ă© entrave ao acordo UE-Mercosul
Diante das polĂticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro, alĂ©m de questões sociais e de direitos humanos, o lobby contra o tratado tem crescido

Publicado em: 21/10/2021 Ă s 08:30 | Atualizado em: 21/10/2021 Ă s 12:08
Numa votaĂ§Ă£o realizada na noite de terça-feira (19), o Parlamento Europeu bloqueou qualquer tipo de avanço na ratificaĂ§Ă£o do acordo comercial UE-Mercosul, em mais uma derrota para a diplomacia brasileira.
O acordo, negociado durante 20 anos, foi fechado em 2019. Mas, para entrar em vigor, o Parlamento Europeu e todos os demais parlamentos nacionais precisam ratificĂ¡-lo.
Diante das polĂticas ambientais do governo de Jair Bolsonaro, alĂ©m de questões sociais e de direitos humanos, o lobby contra o tratado tem crescido e, de fato, hĂ¡ um impasse sobre como fazer o acordo entrar em vigor.
Agora, porĂ©m, parlamentares europeus aproveitaram a aprovaĂ§Ă£o de uma nova estratĂ©gia agrĂcola em Bruxelas para apresentar uma emenda ao texto do informe que estava sendo discutido. Na emenda, os deputados incluĂram um texto que trata especificamente do acordo com o Mercosul.
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Liderado pelo bloco ecologista, a emenda aponta que o Parlamento “enfatiza que o acordo Mercosul-UE nĂ£o pode ser ratificado da forma que estĂ¡ jĂ¡ que, inter alia, nĂ£o garante a proteĂ§Ă£o de biodiversidade, em especial na AmazĂ´nia, nem garante padrões agrĂcolas”.
452 deputados votaram a favor da emenda, 170 contra e houve 76 abstenções.
No governo brasileiro, a recusa de alguns na Europa em aprovar o tratado Ă© considerado como uma estratĂ©gia do lobby agrĂcola protecionista, que nĂ£o quer a concorrĂªncia de produtos do Mercosul. Os ecologistas negam que esse seja o motivo.
Nas redes sociais, a deputada Anna Cavazzini (Verdes) comemorou a aprovaĂ§Ă£o da emenda, indicando que a referĂªncia ao Mercosul Ă© um “sinal forte” da postura do Parlamento Europeu.
Para 2022, observadores em Bruxelas indicam que dificilmente o acordo serĂ¡ colocado para ratificaĂ§Ă£o pela Europa, inclusive diante de eleições na França.
Negociadores, porĂ©m, continuam buscando uma forma de permitir que o tratado comercial possa ser desvinculado dos compromissos ambientais e que a queda de tarifas de importaĂ§Ă£o seja acelerada em setores considerados como estratĂ©gicos.
Mas a estratĂ©gia enfrenta forte resistĂªncia, enquanto movimentos sociais, de direitos humanos e ambientalistas insistem em rejeitar qualquer aĂ§Ă£o por parte da UE que represente uma chancela ao governo Bolsonaro.
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Foto: Marcelo Camargo/AgĂªncia Brasil