Conta do pai de governador do Acre recebeu fortuna no inĂ­cio do mandato

RelatĂ³rio da Coaf aponta que o patriarca ElĂ¡dio Cameli movimentou R$ 420,4 milhões em uma conta na Caixa EconĂ´mica

Publicado em: 04/01/2022 Ă s 09:45 | Atualizado em: 04/01/2022 Ă s 18:48

As movimentações financeiras suspeitas que arrastaram o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), para o centro de um possĂ­vel esquema de desvios em contratações na SaĂºde e Infraestrutura tambĂ©m colocaram seu pai, ElĂ¡dio, na mira da PolĂ­cia Federal.

RelatĂ³rio produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que, entre janeiro e agosto de 2019, perĂ­odo que coincide com os primeiros meses de mandato de Gladson, o patriarca movimentou R$ 420,4 milhões em uma conta na Caixa EconĂ´mica.

O volume de dinheiro chamou atenĂ§Ă£o das autoridades por causa do crescimento vertiginoso em relaĂ§Ă£o ao mĂªs anterior. Entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, a conta recebeu R$ 107 mil.

O maior salto, no entanto, acontece de fevereiro para março de 2019, quando o saldo bancĂ¡rio passa de R$ 525 mil para R$ 50 milhões.

O irmĂ£o do governador, Gledson Cameli, tambĂ©m estĂ¡ sendo investigado. Isso porque o governador tentou usar uma empresa registrada no nome dele para comprar um apartamento de R$ 5 milhões em SĂ£o Paulo.

A construtora responsĂ¡vel pelo empreendimento rejeitou a proposta e comunicou o episĂ³dio ao Coaf.

A transaĂ§Ă£o imobiliĂ¡ria estĂ¡ sob suspeita porque, segundo a linha de investigaĂ§Ă£o da PF, pode ter sido uma estratĂ©gia para lavar dinheiro de propina e ocultar que o governador seria o real dono do apartamento.

Detalhes do inquĂ©rito foram divulgados em primeira mĂ£o pelos jornalistas FĂ¡bio Pontes e Leonildo Rosas e confirmados pelo EstadĂ£o. Pontes edita o blog que leva seu nome. Seu colega Ă© responsĂ¡vel pelo site Portal do Rosas.

Pai e filho foram alvo de buscas da PolĂ­cia Federal na OperaĂ§Ă£o Ptolomeu. Eles sĂ£o investigados no inquĂ©rito sobre indĂ­cios de um suposto esquema de propinas em troca do direcionamento de licitações, contratações superfaturadas e a confirmaĂ§Ă£o de recebimento de mercadorias nĂ£o entregues e de serviços nĂ£o prestados na Ă¡rea da SaĂºde e em obras pĂºblicas.

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Foto: ReproduĂ§Ă£o/Facebook