Coronavírus longe do “finalzinho” leva Brasil a 180 mil mortos

Ex-ministro da Saúde disse que alertou o presidente da República de que o país poderia chegar a esse nível do jeito que a doença era tratada

Boletim da covid-19 traz novo aumento de mortes: 162 óbitos em 24h

Ferreira Gabriel

Publicado em: 11/12/2020 às 22:07 | Atualizado em: 11/12/2020 às 22:08

Aumento de mortes, cidades voltando a impor restrições e hospitais cada vez mais lotados escancaram a realidade: a pandemia do coronavírus ainda não acabou.  Como prova disso, o número de casos e vítimas pode piorar nas próximas semanas. Isso deve ocorrer se as pessoas não adotarem as medidas de prevenção contra o novo coronavírus.

Nesta quinta-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro disse em evento que “estamos vivendo um finalzinho de pandemia”.

Embora as vacinas cada vez mais próximas sejam uma esperança para que, enfim, a crise do coronavírus acabe, a transmissão da Covid-19 continua. Portanto, vem crescendo nas últimas semanas.

E ainda levará algumas semanas ou meses até que a vacinação comece no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisaainda não autorizou o uso de nenhum imunizante no país.

Assim, por enquanto, os médicos e outros cientistas da área da saúde recomendam continuar com o uso da máscara, a ventilação dos ambientes compartilhados com outras pessoas, a boa higiene das mãos e que se evite aglomerações e locais muito cheios.

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Alerta do ex-ministro da saúde

Em entrevista ao programa da TV Globo, Conversa com Bial, o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta fala sobre o lançamento de seu livro que narra como o Ministério da Saúde tentou conter a epidemia da Covid-19 no Brasil durante sua gestão. O nome da obra a ser lançada é “Um paciente chamado Brasil: Os bastidores da luta contra o coronavírus”.

Mandetta recorre na obra ao conceito psiquiátrico das fases do luto. Sobretudo, é usado para explicar a reação do presidente Jair Bolsonaro na pandemia. Por exemplo, negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Depois de negar a gravidade da situação, sua próxima reação foi a ira: “Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do ‘carteiro’, ficou com raiva do Ministério da Saúde.”

“Eu tentava puxar ele logo para a fase proativa. Eu nunca falei em público que eu trabalhava com 180 mil óbitos se nós não interviéssemos, mas para ele eu mostrei, entreguei por escrito, para que ele pudesse saber a responsabilidade dos caminhos que ele fosse optar. Foi realmente uma reação bem negacionista e bem raivosa”, declarou o ex-ministro.

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Foto: Márcio James/Semcom