Coronel afirma que militares querem poder, ‘com ou sem’ Bolsonaro

Segundo o coronel da reserva Marcelo Pimentel, "estão destruindo a muralha entre as Forças Armadas e o governo, entre o militar e a política"

Publicado em: 13/06/2021 às 10:08 | Atualizado em: 13/06/2021 às 10:16

O coronel da reserva Marcelo Pimentel é uma das vozes mais críticas ao envolvimento das Forças Armadas no governo Jair Bolsonaro.

De volta ao comando do país, ele diz que esses militares agora estão se preparando para se manter no poder, “com ou sem Bolsonaro”.

Pimentel é um dos maiores críticos da crescente politização militar. De acordo com ele, as baixas patentes seguem exemplo que vem de cima, dos generais que formam um “Partido Militar”, que articulou a eleição do presidente para chegar ao governo sem ruptura institucional.

Conforme publicou o UOL, ele conta sobre uma conversa que teve com um tenente sobre como vários dos colegas com quem tinha servido estavam no governo.

“O tenente disse: ‘É, realmente, houve um aparelhamento, mas o outro lado, quando governava, fazia o mesmo’. Na hora nem percebi, mas depois vi que ele pensa que os militares têm um lado. Isso é errado”, diz o coronel.

No entanto, Pimentel acrescenta que isso vai contra tudo pelo que ele trabalhou até deixar a ativa, em 2018.

“Estão destruindo a muralha que minha geração construiu entre as Forças Armadas e o governo, entre o militar e a política”, diz o coronel de 54 anos. Se os militares tomam partido, “deixam de ter representatividade para defender o Brasil inteiro”, defende ele.

Bolsonaro quer ‘garantir liberdade’

Diante disso, Jair Bolsonaro voltou a dizer na sexta (11), em um evento no Espírito Santo, que é o chefe das Forças Armadas.

Na sequência, o chefe do Executivo alegou que elas poderão ir às ruas para “garantir a liberdade” do povo.

Portanto, essa fala é sobre o uso do Exército para manter em vigor medidas de restrição adotadas por alguns estados para conter o avanço da pandemia da covid.

“Da minha parte, nada que viola esses dispositivos [do Artigo 5º da Constituição], foi assinado pela minha caneta Bic. Não fechei comercio, não tirei ganha-pão de ninguém. Tenho as forças armadas ao meu lado. Jamais elas irão às ruas para mantê-los em casa. Elas poderão, sim, ir às ruas, para garantir a liberdade e seu bem maior”.

Dessa maneira, o presidente chegou a entrar com mais uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar rever o poder de estados, mas a ação ainda não foi julgada.

Leia mais no UOL.

Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República