A Covax, mecanismo global para distribuição equitativa de vacinas anti-covid, informou ao Ministério da Saúde que planeja entregar 8 milhões de doses ao Brasil até o fim de maio, dependendo do fluxo de produção, em meio ao colapso sanitário local.
Conforme fontes em Genebra, a informação foi dada na noite de sexta-feira (16) ao Ministério da Saúde e é uma notícia boa porque confirma algo que tinha ficado em suspenso.
Em fevereiro, a Covax prometera ao Brasil entregar 9 milhões de doses até maio.
Mas a escassez de vacinas em escala mundial, com problema na produção, atingiu logo o plano.
Em meados de março, o país recebeu apenas 1 milhão de doses contra uma previsão original de 2,9 milhões de doses naquele período.
Agora a Covax confirmou que pretende pelo menos assegurar o plano original, mencionando duas entregas de vacinas, em meio a demandas de todas as partes do Brasil (governos federal, estaduais, Congresso) para frear a tragédia cotidiana de mortes que batem recorde mundial.
Leia mais
Anvisa recusa pedido da Saúde para importação da vacina Covaxin
A próxima entrega deverá ser de quatro milhões de doses dentro de três a cinco semanas. E a outra também de quatro milhões está planejada para até o fim de maio. Mas isso vem com uma nota de prudência.
AstraZeneca
A AstraZeneca, principal fornecedor de vacinas para a Covax, está ampliando a produção, inclusive em outras fábricas.
No entanto, algumas delas ainda necessitam passar pelo processo de autorização regulatória, incluindo pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em reunião virtual de alguns governadores com representantes da OMS, na sexta-feira, a entidade global disse que estava ‘’envidando todos os esforços para assegurar que o Brasil receba as doses devidas em abril e maio, com a ressalva de que estamos vivenciando problemas de abastecimento com todos os países e todos os produtores’’, conforme afirmou uma alta fonte.
A Covax já tinha prometido a entrega ao Brasil de 842 mil doses da vacina da Pfizer para o mês de junho.
Itamaraty e Ministério da Saúde enviam nota
O Itamaraty e o Ministério da Saúde publicaram nota neste sábado (17) informando que receberam informação da Covax de que será possível ao Brasil receber 4 milhões de doses da vacina AstraZeneca contra a covid-19 em maio.
De fato, o período claramente estabelecido é apenas para o primeiro lote, de 4 milhões de doses em 3 a 5 semanas.
Mas, fontes em Genebra consultadas pelo Valor, informam que o segundo lote também seria entregue ainda em maio.
‘’Por uma vez, o governo brasileiro parece estar aprendendo que é melhor não inflar para depois retroceder’’, reagiram as fontes. ‘’O Brasil parece só contar mesmo para maio com o primeiro lote prometido’.’
Na nota, o Itamaraty e o Ministério da Saúde dizem que o governo brasileiro foi informado, pelos coordenadores da Covax Facility, sobre a possibilidade da entrega de 4 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca contra a covid-19 em maio.
Os imunizantes serão adquiridos via Fundo Rotatório da OPAS/OMS, mecanismo que há 35 anos auxilia os países da região ao promover o acesso a vacinas e produtos correlatos.
E lembra que, em março, o Brasil recebeu o primeiro lote da Covax. Foram entregues pouco mais de 1 milhão de doses da AstraZeneca/Oxford, produzidas na Coreia do Sul pelo laboratório SK Bioscience.
A Covax é um inédito esforço internacional, do qual o Brasil só participa depois de convencimento a partir de Genebra, porque o governo em Brasília resistiu por um bom tempo a tomar parte no mecanismo.
Acabou só comprando doses para imunizar 10% da população brasileira, pelo mecanismo, quando a maioria dos outros países fez encomenda para vacinar 20% de suas populações.
Leia mais no Valor
Foto: olhardigital