Em depoimento a Bretas, Cabral não poupa nem a esposa dele

Cabral foi ouvido no processo referente ao restaurante Manekineko, sobre possível lavagem de dinheiro envolvendo o escritório de advocacia da mulher, Adriana Ancelmo. 

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Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 10/02/2020 às 20:03 | Atualizado em: 10/02/2020 às 20:03

O ex-governador Sérgio Cabral confirmou que fez colaboração premiada com a Polícia Federal (PF), homologada pelo ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Ele foi interrogado, nesta segunda-feira (10), pela primeira vez, na condição de réu colaborador, pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, e não poupou nem a mulher dele, a advogada Adriana Ancelmo: “Ela sabia que eu tinha um caixa paralelo (caixa 2)”. A defesa de Adriana reagiu. A publicação é da Agência Brasil.

Cabral foi ouvido no processo referente ao restaurante Manekineko, sobre possível lavagem de dinheiro envolvendo o escritório de advocacia de sua esposa, Adriana Ancelmo. 

“Sou um colaborador da Justiça e quero colaborar de fato”, disse Cabral. 

O ex-governador está preso desde outubro de 2016, condenado a mais de 280 anos de prisão.

A defesa de Cabral não quis revelar o teor do acordo, por estar sob sigilo. 

Ele foi interrogado antes de Adriana Ancelmo, que exerceu o direito de permanecer em silêncio, apenas confirmando o que já havia falado em interrogatório anterior. 

 

Depoimento 

No depoimento de hoje, Cabral admitiu a Bretas que Adriana Ancelmo sabia que ele mantinha um caixa paralelo: “Ela sabia que eu tinha um caixa paralelo. Claro que sabia. Ela sabia que meus gastos eram incompatíveis com a minha receita formal. Na verdade, ela nunca sentou com um fornecedor, nunca tratou de nenhuma [ilegalidade]. Eu não estou dizendo isso para protegê-la, mas é a pura verdade. [Mas] usufruiu largamente”. 

O advogado Alexandre Lopes, que defende Adriana Ancelmo, rebateu as afirmações de Cabral através de nota: “Não vejo como possível levar a sério esse novo depoimento de Sérgio Cabral. Se ele sequer mencionou o fato à Polícia Federal, ao que se sabe, em sua delação, passa-se a ideia de que o ex-governador quer se posicionar como um colaborador da Justiça, confessando tudo o que lhe for perguntado, a fim de auferir benefícios que nem mesmo o Supremo Tribunal Federal concedeu. Parece desespero pelos quase 300 anos de pena já impingida”. 

 

Foto: ABr/arquivo