Os deputados estaduais do Rio que empregavam dois donos de contas banidas pelo Facebook mantêm íntima relação com o clã Bolsonaro.
Anderson Moraes e Alana Passos (ambos do PSL) estão entre os mais fiéis apoiadores da família no Rio e têm um histórico de empregar pessoas ligadas a ela, como Rogéria Bolsonaro, ex do presidente.
Alana empregou até abril na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) Leonardo Rodrigues de Barros Neto, enquanto Moraes mantém até hoje em seu gabinete Vanessa do Nascimento Navarro.
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O casal de namorados é apontado pelo relatório da DFRLab —organização forense digital que tem parceria com o Facebook — como dono de 13 contas excluídas (perfis, páginas e grupos), entre elas, a página Bolsonéas, uma das maiores em apoio a Jair Bolsonaro.
Leonardo e Vanessa são parte central do que o relatório descreve como um braço no Rio de uma rede de desinformação.
Eles negam qualquer envolvimento e refutam atuação coordenada.
Ambos tiveram contas excluídas no Facebook e no Instagram.
O levantamento identificou ao menos seis ex e atuais assessores de parlamentares bolsonaristas e do próprio presidente que comporiam uma rede a partir do Facebook e Instagram dedicada a manipular informação e atacar opositores.
Ao todo, foram excluídos 88 perfis, páginas e grupos.
Segundo o relatório, Leonardo e Vanessa mantinham vários perfis simultâneos no Facebook e Instagram — parte deles era usada para divulgar conteúdos positivos sobre Bolsonaro e os deputados estaduais que os empregavam, enquanto outros faziam ataques a desafetos do bolsonarismo.
Em um de seus perfis no Instagram, Vanessa postou a hashtag “#STFEscritóriodoCrime”.
Já a página Bolsonéas —administrada por ambos segundo o relatório — replicou um artigo atribuindo à atriz Regina Duarte, àquela altura secretária especial de Cultura do governo federal, uma frase pedindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal.
Deputado emprega ex-mulher de Bolsonaro
Anderson Moraes é considerado um dos aliados mais próximos de Flávio Bolsonaro, condição que lhe rendeu um posto de prestígio no começo da legislatura.
Ele foi escolhido líder do PSL, que já foi a maior bancada da Alerj.
O parlamentar em primeiro mandato emprega em seu gabinete Rogéria Bolsonaro — primeira esposa de Jair Bolsonaro e mãe de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro.
Rogéria é mencionada em um gráfico do relatório do DFRLab como uma das integrantes dessa rede de propagação de desinformação, mas não teve os perfis deletados.
O documento não traz detalhes sobre sua suposta atuação.
Procurada por meio da assessoria do gabinete de Moraes, ela ainda não se manifestou.
Rogéria tem acompanhado Moraes e Alana Passos em manifestações de rua durante a pandemia de coronavírus — desrespeitando as normas sanitárias do Rio.
Em junho, Moraes também trouxe para seu gabinete Victor Granado Alves, advogado de Flávio Bolsonaro citado no depoimento do empresário Paulo Marinho sobre um suposto vazamento da Operação Furna da Onça.
Ao jornal O Globo, Moraes afirmou que decidiu convidar Granado para integrar sua equipe por ser “alguém de confiança”.
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Foto: Reprodução do Facebook