Depois do orçamento secreto, Dino vai para cima de emendas de ongs
FlĂ¡vio Dino determina que ONGs realizem licitações eletrĂ´nicas para contratos financiados por emendas parlamentares, apĂ³s denĂºncias de desvio de recursos.

Publicado em: 27/08/2024 Ă s 14:55 | Atualizado em: 27/08/2024 Ă s 14:55
O ministro do STF FlĂ¡vio Dino determinou novas regras para as contratações de empresas realizadas por ONGs que utilizam recursos de emendas parlamentares. A partir de agora, essas organizações deverĂ£o realizar licitações eletrĂ´nicas integradas ao sistema Transferegov.br ou utilizar a plataforma oficial da UniĂ£o, que notifica automaticamente um cadastro de fornecedores.
A decisĂ£o, publicada na Ăºltima sexta-feira (23/8), surge em resposta a uma sĂ©rie de reportagens do UOL que revelaram indĂcios de desvio de recursos por ONGs, destacando uma rede de sete entidades que recebeu quase meio bilhĂ£o de reais entre 2021 e 2023.
As investigações apontaram para prĂ¡ticas irregulares, como a repetiĂ§Ă£o de fornecedores em pesquisas de preços e diferenças mĂnimas nos valores apresentados, muitas vezes com descrições genĂ©ricas dos serviços e materiais a serem fornecidos.
VĂ¡rias empresas vencedoras das licitações sĂ£o suspeitas de serem de fachada, criadas rapidamente e registradas em nome de laranjas.
A medida de Dino ocorre no contexto da anĂ¡lise de descumprimento da determinaĂ§Ă£o do STF que declarou ilegal o “orçamento secreto”. A partir das denĂºncias, o ministro estendeu a investigaĂ§Ă£o para incluir emendas parlamentares destinadas a projetos de ONGs.
AlĂ©m disso, no inĂcio deste mĂªs, Dino jĂ¡ havia determinado que a Controladoria-Geral da UniĂ£o (CGU) realizasse uma auditoria em todos os repasses de emendas parlamentares para ONGs desde 2020.
A CGU tem trĂªs meses para concluir essa apuraĂ§Ă£o, que foi motivada pela sĂ©rie de reportagens que revelou indĂcios de desvios.
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Paralelamente, a Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), que Ă© uma das instituições que mais executaram projetos em parceria com as ONGs suspeitas, tambĂ©m iniciou uma investigaĂ§Ă£o interna para apurar possĂveis desvios.
A universidade pretende apresentar um relatĂ³rio atĂ© o final do prĂ³ximo mĂªs e criarĂ¡ um grupo de trabalho para regulamentar a tramitaĂ§Ă£o das emendas parlamentares em seus projetos.
A decisĂ£o do STF representa um esforço para coibir a “farra das ONGs”, onde entidades sem fins lucrativos tĂªm transferido milhões de reais para empresas suspeitas, muitas vezes ligadas a seus dirigentes.
Essas empresas, frequentemente em nome de laranjas, tĂªm realizado projetos com estrutura precĂ¡ria, enquanto embolsam grandes quantias de dinheiro pĂºblico sem comprovaĂ§Ă£o adequada dos serviços prestados.
As compras, realizadas em volumes desproporcionais Ă s necessidades dos projetos, sĂ£o aprovadas pelos Ă³rgĂ£os responsĂ¡veis sem uma fiscalizaĂ§Ă£o rigorosa, e os parlamentares que destinam as emendas afirmam que a fiscalizaĂ§Ă£o financeira nĂ£o Ă© de sua responsabilidade.
Com as novas regras, espera-se maior transparĂªncia e controle sobre os recursos pĂºblicos destinados a ONGs, garantindo que sejam usados de forma adequada e dentro da legalidade.
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Foto: Antonio Augusto/STF