Após as manifestações de esquerda de maio e junho , que romperam o monopólio bolsonarista das ruas, neste domingo (12) é a vez de grupos de direita contrários a Jair Bolsonaro liderarem manifestações que pretendem ser o ensaio de uma “frente ampla” contra o presidente.
Os atos foram convocados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua, grupos de direita responsáveis pelas gigantescas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff entre 2015 e 2016.
Posteriormente, os grupos apoiaram indireta ou abertamente a candidatura de Bolsonaro em 2018, mas romperam com o presidente depois da posse.
Atos contra Bolsonaro estão previstos em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e outras capitais. Eles ocorrem poucos dias após o presidente instrumentalizar o feriado de 7 de Setembro para convocar manifestações antidemocráticas contra o Supremo Tribunal Federal e tentar demonstrar que seu governo combalido ainda tem alguma força.
Na ocasião, Bolsonaro fez discursos golpistas contra a Corte, que provocaram repúdio em boa parte da classe política e até consequências negativas na economia, reavivando discussões sobre o impeachment do presidente .
No dia seguinte, Bolsonaro publicou uma nota em tom de recuo – que foi recebida com ceticismo, considerando que o político já interrompeu ofensivas anteriormente para voltar à carga em momento mais oportuno.
Adesão da esquerda contra o PT
Os atos deste domingo ganharam a adesão de alguns partidos de centro-esquerda, como o PSB e o PDT. O PCdoB também declarou apoio, assim como as siglas de direita ou centro-direita Novo, Cidadania, PSL, PSDB e outras. Figuras da política, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o e senador Álvaro Dias (Podemos-PR), também confirmaram presença. Algumas centrais sindicais aderiram.
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Frente ampla
No entanto, algumas figuras da centro-esquerda e da esquerda favoráveis aos protestos afirmaram nas últimas semanas que a formação de uma “frente ampla” contra Bolsonaro precisa superar ressentimentos ou ambições eleitorais imediatas. Na história brasileira do pós-guerra, houve registro de vários episódios em que velhos ferrenhos adversários se uniram em prol de uma causa comum.
Na ditadura, o direitista Carlos Lacerda, o centrista Juscelino Kubitschek e o esquerdista João Goulart chegaram a formar um grupo político contra o regime. Às vésperas da redemocratização, vários políticos da antiga Arena (o partido de sustentação do regime) se aliaram com oposicionistas do PMDB para deter a candidatura à Presidência do populista de direita Paulo Maluf.
“É hora de unirmos forças da esquerda à direita pelo impeachment desse presidente tirano e incompetente. Todos aqueles que realmente querem a saída de Bolsonaro precisam estar juntos neste momento”, disse nesta semana o presidente do PDT São Paulo, Antonio Neto.
“O PCdoB decidiu participar também porque está empenhado em construir para mais adiante atos cívicos nacionais, suprapartidários, organizados pelo conjunto das oposições. Constituir uma frente ampla. E participar do dia 12 ajuda viabilizar esse projeto”, declarou o secretário nacional de comunicação do PCdoB, Adalberto Monteiro.
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Foto: Sergio Lima/AFP/Getty Images