O dólar registrou forte queda de 0,79% nesta terça-feira (4/2), encerrando o dia cotado a R$ 5,769. Esta foi a 12ª sessão consecutiva de desvalorização da moeda norte-americana, a maior sequência de perdas em 20 anos, desde o período entre 24 de março e 13 de abril de 2005.
A desvalorização do dólar reflete os desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, que reforçou a necessidade de aumento da taxa Selic.
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou no sábado (1º/2) um decreto que impõe tarifas adicionais sobre todas as importações do Canadá, México e China.
Contudo, o republicano recuou na aplicação das taxas contra os dois países vizinhos, suspendendo as tarifas por um mês após acordos que reforçam a segurança das fronteiras.
No México, a presidente Claudia Sheinbaum anunciou que 10 mil agentes atuarão no combate ao tráfico de drogas, enquanto os EUA trabalharão para reduzir o contrabando de armas.
No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau informou um investimento de US$ 1,3 bilhão na proteção das fronteiras, alocando 10 mil funcionários para reforço da segurança.
Já em relação à China, as tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses entraram em vigor nesta terça-feira, o que levou Pequim a retaliar.
O governo chinês anunciou taxas de 15% sobre carvão e gás natural dos EUA, e de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e caminhões elétricos da Tesla.
Além disso, Pequim abrirá investigações antimonopólio contra o Google, da Alphabet.
A medida elevou as tensões entre as duas maiores economias do mundo e renovou a preocupação do mercado quanto aos impactos na inflação e crescimento econômico global.
Impacto da taxa Selic e mercado doméstico
No Brasil, a divulgação da ata da última reunião do Copom teve impacto no mercado cambial. O Banco Central elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano, em um movimento de aperto monetário para conter a inflação. O comitê sinalizou que um novo aumento de 1 ponto percentual poderá ocorrer na próxima reunião, prevista para março.
Segundo a ata, o BC projeta que a inflação ultrapassará a meta em junho. A previsão para 2024 subiu de 4,5% para 5,2%, enquanto a estimativa para o terceiro trimestre de 2026 é de 4%.
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O Copom também destacou os riscos fiscais e cambiais como fatores de preocupação para a convergência da inflação.
A alta da Selic torna o Brasil mais atrativo para investimentos estrangeiros, favorecendo o real. Com o diferencial de juros entre Brasil e EUA maior, cresce o apelo pelo carry trade, estratégia em que investidores captam recursos em países com juros baixos e aplicam em mercados com taxas mais altas, impulsionando a valorização da moeda brasileira.
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