Dossiê aponta EBC como disseminadora de fake news pró-governo

O relator da CPI da covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), pretende incluir a empresa do conglomerado estatal em seu parecer final

Dossiê aponta EBC como disseminadora de fake news pró-governo

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 28/09/2021 às 10:06 | Atualizado em: 28/09/2021 às 10:06

Um dossiê aponta que emissoras de rádio e TV da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) foram usada pelo governo Jair Bolsonaro para a difusão de fake news. Além de narrativas negacionistas durante a pandemia da covid-19.

De acordo com fontes que acompanham a elaboração do relatório da CPI da covid, a EBC deve ser citada em trecho que trata de “desinformação institucional”. As informações são do Yhaoo Notícias.

O dossiê, preparado por entidades representativas dos trabalhadores e a Frente em Defesa da EBC e da Comunicação pública, ao qual o GLOBO teve acesso, foi entregue aos senadores em agosto.

Nas 119 páginas, o texto relata pressão interna para que os jornalistas não publicassem reportagens que contrariassem a opinião do presidente da República.

Conforme o relatório em posse da CPI, a EBC foi impedida de publicar nas redes socais em janeiro a vacinação da enfermeira Mônica Calazans.

Ela foi primeira pessoa a receber a imunização com a Coronavac, importada pelo Instituto Butantan e vista como uma iniciativa do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

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Proibições

Além da difusão de fake news, as mídias sociais da EBC também teriam sido proibidas de publicar assuntos supostamente negativos para a gestão atual.

De acordo com os relatos, no ano passado, o termo “segunda onda” chegou a ser banido por um período.

Na ocasião, cientistas já alertavam para a ocorrência de uma nova fase de contaminação, que de fato ocorreu.

Por outro lado, houve a orientação para que os noticiários destacassem o “placar da vida”.

Isso foi criado pela Secretaria Especial de Comunicação para confrontar o número de mortos com o de pessoas recuperadas.

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Material

Dessa maneira, o material cita ainda censura em diversas situações, como críticas do governador Doria sobre o boicote do governo Bolsonaro à Coronavac.

Do mesmo modo à divulgação de estudo que atestava a falta de eficácia do uso da cloroquina para o tratamento da covid.

“Censura até das próprias declarações do presidente Jair Bolsonaro, numa lógica de proteger o presidente dele mesmo. Um exemplo foi o “ e daí?” ao se referir aos primeiros 5 mil mortos pela covid-19”, destaca trecho do documento.

O relatório também informa perseguição a profissionais que confrontam a orientação da chefia.

Portanto, senadores também receberam prints com ordens pedindo cuidado na cobertura da CPI da covid.

Foto: Divulgação/PPI