El País repercute fala de médico de Manaus sobre a falta de oxigênio

“Nosso governo, um governo que eu votei, tem sido negacionista. Relativiza tudo, banaliza tudo”, critica o médico.

falta de oxigênio

Ednilson Maciel, redação do BNC AMAZONAS

Publicado em: 15/01/2021 às 09:37 | Atualizado em: 22/06/2022 às 22:02

O jornal espanhol El País destacou a situação dramática que passou a capital amazonense em relação a falta de cilindro de oxigênio, nesta quinta-feira (14) nos hospitais de Manaus. A crise é ilustrada com a fala de um médico que atua no hospital universitário Getúlio Vargas (HUGV).

Como outras unidades de saúde da cidade, o HUGV ficou sem o abastecimento das balas de oxigênio, na capital amazonense.

Segundo a reportagem de Steffanie Schimidt, no primeiro pico da pandemia, nos meses de abril, o consumo máximo de oxigênio foi de 30 mil metros cúbicos/mês,

Já neste segundo pico, o consumo aumentou 60%, ou seja, passou a 76 mil metros cúbicos por dia.

Desespero

O desespero dos profissionais de saúde nos hospitais reflete o caos da saúde em Manaus, que apesar dos anúncios feitos pelo governo federal sobre a assistência ao estado do Amazonas, não supre a necessidade da demanda local.

O El País destaca a fala de um médico, no Instagram, que atua no hospital federal existente em Manaus. “Nosso Governo, um Governo que eu votei, tem sido negacionista. Relativiza tudo, banaliza tudo”, critica o médico Anfremon D’Amazonas.

E acrescenta: “A última coisa foi dizer que o que está acontecendo em Manaus foi por falta de tratamento precoce. Dizer isso é uma sacanagem com quem trabalha sério. O Governo tem que preparar o país para a segunda onda, porque ela é devastadora e está levando vidas. “

Segundo a reportagem, ao longo do dia, o médico do HUGV, que preferiu não se identificar, contava que todos os pacientes lá internados deveriam receber uma fração mais baixa de oxigênio, uma vez que os estoques só eram suficientes para cobrir oito horas.

No Instagram, o médico intensivista Anfremon D’Amazonas, que também trabalha no Hospital Getúlio Vargas, contou a operação hercúlea montada para tentar salvar os pacientes apesar da falta de O2.

Primeiro colocaram todos de bruços (pronar, no jargão médico), para melhorar a oxigenação. Depois, a corrida para trazer pequenas quantidades de oxigênio usadas em outros setores do hospital. “A gente conseguiu salvar quem dava, quem podia”, lamentou.

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Foto: Herick Pereira/Secom