Especialistas explicam teste de covid pela saliva vendido em drogaria
É um mĂ©todo de detecĂ§Ă£o rĂ¡pida de vĂrus, surgido em 2012 e jĂ¡ utilizado para outras doenças como a dengue, zika, a chikungunya e encefalite japonesa

Publicado em: 08/01/2021 Ă s 10:48 | Atualizado em: 08/01/2021 Ă s 10:50
Um novo teste para detectar Covid-19 a partir da saliva estĂ¡ disponĂvel em farmĂ¡cias desde o final de dezembro. Este teste Ă© chamado de RT-LAMP (sigla em inglĂªs para “transcriĂ§Ă£o reversa seguida por amplificaĂ§Ă£o isotĂ©rmica mediada por loop”), e identifica o RNA (cĂ³digo genĂ©tico) do vĂrus na amostra de pessoas infectadas durante a fase ativa do vĂrus.
É um mĂ©todo de detecĂ§Ă£o rĂ¡pida de vĂrus, surgido em 2012 e jĂ¡ utilizado para outras doenças como a dengue, zika, a chikungunya e encefalite japonesa.
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“Ele Ă© capaz de detectar, diferenciar e quantificar carga viral com sensibilidade, rapidez e especificidade”, explica Larissa Brussa, biotecnologista da Universidade Federal de Pelotas e especialista em genĂ©tica. Sensibilidade e especificidade sĂ£o termos mĂ©dicos para a identificaĂ§Ă£o de pessoas infectadas e nĂ£o infectadas, respectivamente.
Diferenças
Segundo Cesar Nomura, superintendente de medicina diagnĂ³stica do Hospital SĂrio-LibanĂªs, o RT-LAMP tem menos etapas de processamento em relaĂ§Ă£o ao RT-PCR, o teste mais comum atĂ© o momento para detectar se a pessoa estĂ¡ doente naquele momento.
Por isso, seu resultado sai mais rapidamente, em atĂ© 24 horas apĂ³s a coleta.
Brussa explica que, diferentemente do RT-PCR, o RT-LAMP nĂ£o precisa de equipamentos “sofisticados”, o que barateia e simplifica o diagnĂ³stico. A anĂ¡lise Ă© feita em tempo real: o resultado Ă© obtido durante um processo de reaĂ§Ă£o a que Ă© submetido em laboratĂ³rio.
AlĂ©m disso, por usar a saliva como base, elimina o desconforto que os testes com cotonete no nariz podem causar, como nĂ¡usea e vertigem.
A diretora de comunicaĂ§Ă£o da Sociedade Brasileira de Patologia ClĂnica/Medicina Laboratorial, Annelise Lopes, tambĂ©m destaca que a saliva oferece menor risco aos profissionais de saĂºde porque a coleta Ă© feita pelo prĂ³prio paciente.
“Por ser menos invasivo, permite a coleta mĂºltiplas vezes pela mesma pessoa, auxiliando na identificaĂ§Ă£o precoce dos casos e rĂ¡pido isolamento e controle de contactantes”, explica.
O Hospital SĂrio-LibanĂªs colaborou com o desenvolvimento do teste RT-LAMP do laboratĂ³rio Mendelics, comercializado em farmĂ¡cias brasileiras, mas Nomura ressalta que o RT-PCR ainda Ă© o mais indicado. “NĂ³s validamos e oferecemos o teste, mas precisamos reforçar que o melhor teste Ă© o RT-PCR Swab. Estamos trabalhando para ajudar a populaĂ§Ă£o e por isso desenvolvemos, mas Ă© inferior. Acho importante dizer para as pessoas que elas nĂ£o devem trocar um teste mais sensĂvel por um material com sensibilidade menor”, ressalta Nomura.
Como funciona o exame?
O teste pode ser feito em farmĂ¡cias, laboratĂ³rios e mesmo em casa. Ele funciona por meio da coleta de saliva, de 2 a 5 mL, que deve ser depositada em um tubo coletor. A amostra pode ser conservada atĂ© trĂªs dias em temperatura ambiente.
Quando fazer?
De acordo com os especialistas ouvidos pelo G1, os testes sĂ£o indicados para pessoas que estĂ£o com sintomas da covid-19, principalmente apĂ³s terceiro dia do aparecimento de sintoma.
No caso de pessoas que estiveram expostas ao vĂrus, por contato com infectados ou por situações de risco, mas ainda nĂ£o apresentam sintomas, o indicado Ă© fazer o teste a partir do 7º dia da exposiĂ§Ă£o.
“Pessoas que tiveram exposiĂ§Ă£o recente, mas estĂ£o assintomĂ¡ticas, podem ser testadas a partir de cinco a sete dias do contato, quando a probabilidade de um resultado positivo se eleva. Lembrando que, neste cenĂ¡rio, o perĂodo de incubaĂ§Ă£o do vĂrus pode levar atĂ© 14 dias, portanto um resultado negativo realizado precocemente nĂ£o tem a capacidade de excluir a doença”, explica Annelise Lopes.
IdentificaĂ§Ă£o
O teste RT-LAMP identifica se a pessoa estĂ¡ infectada com o vĂrus no momento da coleta. Ele detecta a presença do material genĂ©tico do vĂrus na saliva durante sua fase ativa.
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Foto: ReproduĂ§Ă£o/RPC