Estadão cobra demissão de Pazuello do cargo de ministro da Saúde

Jornal paulista diz que, se tivesse alguma coragem moral, general pediria demissão do cargo ao receber ordem para esconder números da pandemia

Neuto Segundo, Da Redação do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 09/06/2020 às 13:44 | Atualizado em: 09/06/2020 às 16:39

Em editorial nesta terça-feira (09), o jornal O Estado de S.Paulo, o Estadão, diz que se o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, tivesse alguma coragem moral, ele teria pedido demissão do cargo ao receber ordem para esconder os números relativos à pandemia do coronavírus (covid-19).

A comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de combate ao coronavírus promove reunião hoje (09), com o ministro. A reunião será por videoconferência com transmissão interativa.

 

Leia mais

Na pasta militarizada de Pazuello, coronel vira nº 2 na saúde

 

“Ao permanecer no cargo e cumprir a absurda determinação, Pazuello não apenas colaborou para desmoralizar ainda mais o Ministério da Saúde, como danificou a imagem das Forças Armadas, já que é militar da ativa e apresentado pelo presidente Bolsonaro como um dos sustentáculos militares de seu governo. Se não é, deveria deixar isso claro”, diz o editorial.

Segundo o jornal paulista, não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro vem colocando em dúvida o número de mortos na pandemia.

Mais de uma vez, acusou os governadores de Estado, seus desafetos, de inflar as estatísticas para justificar a quarentena e, assim, criar uma crise com o objetivo de prejudicar o governo.

Foi necessário afastar dois titulares da Saúde para que Bolsonaro finalmente encontrasse um ministro subserviente o bastante para transformar essa teoria da conspiração em política de governo.

O jornal lembrou o episódio do empresário que foi convidado para uma secretaria do Ministério.

“Em perfeita sintonia, o empresário Carlos Wizard, convidado para ocupar uma Secretaria no Ministério da Saúde, deu o tom da presepada ao dizer que os dados produzidos até aqui eram fantasiosos ou manipulados e que uma equipe de inteligência militar identificou sinais de fraude nas informações prestadas pelos Estados.”

Em resposta, diz o veículo, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde divulgou nota em que diz que Wizard, “além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias”.

Quando já estava claro que suas declarações prejudicariam a imagem de suas empresas, Wizard pediu desculpas e declinou do convite – mas a lembrança da ofensa que praticou será perene.

“Ao maquiar os dados, o presidente Bolsonaro e seus serviçais no Ministério da Saúde atentam contra as regras básicas de transparência da administração pública. Sem a publicidade ampla e integral de informações produzidas pelo Estado, a democracia não se realiza, pois a manipulação de dados compromete a capacidade dos cidadãos de exercer o controle público da administração”, diz o editorial.

 

Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados