EstratĂ©gias do bombeiro militar que jĂ¡ salvou 57 vidas do suicĂdio
Major DiĂ³genes Martins Munhoz peregrina por cidades para palestrar sobre autocuidado

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas
Publicado em: 30/06/2022 Ă s 10:47 | Atualizado em: 30/06/2022 Ă s 10:47
As estratĂ©gias de abordagem humanizada a tentativas de suicĂdio que o bombeiro militar major DiĂ³genes Munhoz (48) utiliza jĂ¡ salvou 57 vidas do suicĂdio.
Ele atua no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de SĂ£o Paulo, desde 2000, conforme reportagem do Uol.
A princĂpio, quando era tenente, passou seis horas em uma torre de telefonia da Avenida Campanella, em Itaquera, na zona leste de SĂ£o Paulo, para evitar um suicĂdio.
Segundo DiĂ³genes jĂ¡ era habituado aos chamados. O protocolo era simples: uma aĂ§Ă£o tĂ¡tica, para distrair e pegar o tentante.
“SĂ³ que nĂ£o tem como vocĂª fazer isso com uma pessoa na mesma escada que vocĂª, num patamar mais acima. Eu estava em uma escadinha de marinheiro, daquelas que ficam em torno de caixas d’Ă¡gua”, conta.
A saĂda naquela situaĂ§Ă£o foi conversar. E, entĂ£o, conheceu pela primeira vez a pessoa do outro lado. Em 30 minutos, sabia quem era, no que trabalhava.
Depois, descobriu sobre a famĂlia. “Era alguĂ©m comum, que por vĂ¡rios motivos a vida começou a se tornar negativa, as coisas começaram a nĂ£o fluir”, lembra.
Enquanto conhecia a histĂ³ria, DiĂ³genes se deu conta de que a abordagem entĂ£o utilizada nĂ£o previa casos como esse, em que “distrair e pegar” nĂ£o era uma opĂ§Ă£o.
Dessa maneira, ele avaliou: “Entendi que nĂ£o tĂnhamos nada, uma tĂ©cnica que fizesse a pessoa desistir.”
Suicidologia
Desde entĂ£o, o major estuda sobre saĂºde mental, com foco em suicidologia. Evitou 57 ocorrĂªncias na carreira.
Como resultado, em 2015, apresentou no fim do mestrado a tĂ©cnica de abordagem humanizada a tentativas de suicĂdio, inĂ©dita no Brasil e jĂ¡ em processo de exportaĂ§Ă£o.
Hoje, Ă© doutorando em saĂºde mental no Centro de Altos Estudos de Segurança da PMESP (PolĂcia Militar do Estado de SĂ£o Paulo)..
Dessa forma, ele peregrina por cidades para palestrar sobre autocuidado.

O trabalho nĂ£o foi (ou Ă©) fĂ¡cil, mas necessĂ¡rio, diz o major. Sobretudo por esbarrar nas dificuldades da sociedade brasileira em entender os cuidados de saĂºde mental. “Se vocĂª fala a frase ‘psiquiatra Ă© mĂ©dico de’. As pessoas dizem ‘louco’. E nĂ£o Ă©”, exemplifica.
O preconceito Ă© ainda mais latente em suicĂdios. O olhar estigmatizado, principalmente de quem encara a situaĂ§Ă£o de longe, tende a cair em clichĂªs que nĂ£o enxergam o prĂ³ximo como uma pessoa em intenso sofrimento. AlĂ©m do tabu que impede conversar sobre o tema e a consequente conscientizaĂ§Ă£o, segundo DiĂ³genes.
“É preciso ter consciĂªncia de que do outro lado tem uma pessoa em sofrimento e nĂ£o alguĂ©m egoĂsta, sem Deus no coraĂ§Ă£o, coisas que sempre ouvimos falar”, defende o major.
Implementada em 2015 no Corpo de Bombeiros de SĂ£o Paulo, a tĂ©cnica humanizada estĂ¡ presente em 21 estados de todas as regiões do paĂs. PolĂcias militares e o Samu (Serviço de Atendimento MĂ³vel de UrgĂªncia) tambĂ©m tĂªm treinamentos para utilizĂ¡-la.
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Foto: ReproduĂ§Ă£o