Desde o início da transmissão do novo coronavírus pelo mundo, teorias conspiratórias divulgadas em redes sociais e no WhatsApp especulam que o SARS-CoV-2 teria sido criado em laboratório na China.
Um estudo publicado nesta semana na revista científica Nature Medicine desmente esses boatos.
Pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália afirmam que o vírus tem origem natural.
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“Nossas análises mostram claramente que o SARS-CoV-2 não é uma construção de laboratório ou um vírus manipulado propositadamente”, informa o artigo.
Os autores do estudo compararam a estrutura genética do SARS-CoV-2 com a de outros vírus da mesma família.
Os cientistas ressaltaram que, se houvesse manipulação genética em laboratório, a estrutura do novo coronavírus seria parecida com a de outros organismos existentes.
Em outras palavras, se alguém quisesse criar um novo vírus com o objetivo de causar doenças, usaria um “molde” conhecido.
“As informações genéticas mostram de maneira irrefutável que o SARS-CoV-2 não é derivado de nenhuma estrutura central de vírus usada anteriormente”, informa a pesquisa.
Outra característica importante descarta a teoria de criação humana.
Os pesquisadores analisaram a estrutura que o vírus usa para se “agarrar” às paredes externas de outras células, em especial o chamado domínio de ligação ao receptor (RBD).
Essa parte do SARS-CoV-2 foi tão eficaz em se conectar a células humanas que os cientistas concluíram que ela era resultado de seleção natural, e não de engenharia genética.
A partir dessas evidências, os autores do estudo propuseram duas possíveis origens para o novo coronavírus: ele pode ter evoluído para seu estado atual em hospedeiros animais antes de passar para humanos; ou pode ter “pulado” de animais a humanos e só então ter desenvolvido suas características distintivas.
Os autores do estudo sobre as origens do novo coronavírus são: Kristian G. Andersen, do Scripps Research Institute, nos Estados Unidos; Andrew Rambaut, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido; W. Ian Lipkin, da Columbia University, nos Estados Unidos; Edward C. Holmes, da Universidade de Sydney, na Austrália; e Robert F. Garry, da Universidade Tulane, nos Estados Unidos.
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Foto: Aly Song/REUTERS