Estudo diz que Brasil tem reservas de potássio para agricultura até 2100
Apenas 11% das jazidas estão em terras indígenas, segundo UFMG; projeto que prevê exploração mineral nessas áreas pode voltar à discussão nesta terça
Mariane Veiga
Publicado em: 08/03/2022 às 10:39 | Atualizado em: 08/03/2022 às 21:08
Enquanto produtores agrícolas do país se preocupam com os efeitos da guerra na Ucrânia para o abastecimento de fertilizantes, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais mostra que o Brasil tem reservas que poderiam garantir o abastecimento de potássio até 2100.
Atualmente, de acordo com dados da Embrapa, 50% da importação do insumo vem da Rússia e de Belarus.
Segundo o professor Raoni Rajão, do departamento de Engenharia de Produção da UFMG, dois terços das reservas se concentram nos estados de Sergipe, São Paulo e Minas Gerais.
Já entre as que estão na Amazônia, apenas 11% se sobrepõem a terras indígenas ainda não homologadas. Os números foram levantados com base em dados do Ministério de Minas e Energia.
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A informação vem no momento em que o projeto do governo Jair Bolsonaro busca autorizar a exploração mineral em terras indígenas pode voltar a ser discutido, após dois anos parado.
De acordo com a CNN, líderes de bancadas da Câmara dos Deputados relataram sobre uma reunião nesta terça-feira (8) para tratar do assunto.
Os parlamentares contaram que o presidente da Casa, Arthur Lira, quer acelerar a aprovação devido à dificuldade do Brasil de ter acesso a fertilizantes em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Em entrevista a uma rádio de Roraima nessa segunda-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o projeto e criticou a demarcação de terras indígenas.
“Temos projeto desde 2020 que permite explorarmos essas terras indígenas, de acordo com o interesse do ministério, se eles concordarem, podemos explorar minérios, fazer hidrelétricas. O que o fazendeiro faz na tua terra, o indígena pode fazer do lado”, declarou Bolsonaro.
No entanto, o professor Raoni Rajão não vê da mesma forma. “A afirmação que é necessário mudar a legislação não corrobora”, declarou à CNN.
Já Everaldo Zonta, professor do departamento de Solos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), ainda avalia que as jazidas em terras indígenas trazem o desafio da tecnologia.
“É um potássio que não vai ser conseguido tão cedo, não por problemas ambientais, mas é um potássio em forma de salmoura, profundo. Nós não temos tecnologia ainda”, declarou.
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Foto: Agência Brasil