Presidente da Fiesp, cotado a ministro de Lula, é destituído do cargo

O resultado, no entanto, não é consenso, e pessoas ligadas ao empresário já afirmam que a decisão não tem validade

Publicado em: 16/01/2023 às 19:24 | Atualizado em: 16/01/2023 às 19:25

Assembleia da Fiesp (Federação das Indústrias do estado de São Paulo) realizada nesta segunda-feira (16) aprovou a destituição de Josué Gomes da presidência da entidade. O resultado, no entanto, não é consenso, e pessoas ligadas ao empresário já afirmam que a decisão não tem validade.

Em uma votação realizada já no início da noite, representantes de 47 sindicatos votaram por sua destituição do cargo. Foram duas abstenções e um voto contra. Josué não estava presente quando os delegados tomaram a decisão.

Segundo participantes da reunião, ele deixou a assembleia por volta de 19h, depois que a maioria dos presentes considerou que suas respostas aos questionamentos apresentados pela oposição não eram satisfatórias. O placar ficou em 24 votos a favor dos argumentos dele, e 62, contra.

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O quórum no momento da assembleia e a ausência de Josué, no entanto, são vistos como problemas para a validade da votação. A votação ocorreu após um advogado ligado à oposição afirmar que os sindicatos poderiam seguir reunidos mesmo após Josué ter se retirado, porque ele não teria encerrado a plenária.

Se a destituição for considerada válida, o estatuto prevê que o vice-presidente mais velho assume o cargo interinamente até que a direção se reúna.

Nem a sinalização de prestígio político de Josué, que recebeu na sede da federação nesta segunda o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo Alckmin (PSB), e o ex-presidente Michel Temer (MDB), o salvou da degola.

JOSUÉ GOMES ESTÁ NO CARGO HÁ UM ANO NO CARGO; ELE SUBSTITUIU PAULO SKAF

Josué Gomes da Silva assumiu a presidência da Fiesp em janeiro de 2022, após uma eleição vista como uma espécie de saída negociada de seu antecessor, Paulo Skaf, que ficou no cargo por 17 anos.

Quase dois anos antes de um processo eleitoral atravessado por polêmicas — o grupo liderado por José Ricardo Roriz, da indústria plástica acusou o processo de ser atropelado, inviabilizando a formalização de sua chapa —, Skaf havia anunciado que não seria candidato a um quinto mandato.

No início de 2020, o então líder da entidade da indústria paulista começava a se movimentar para aprovar uma mudança no estatuto da federação que permitisse uma nova reeleição. Desde sua primeira eleição, em 2004, ele havia aprovado duas mudanças no regimento da federação.

Depois que a movimentação se tornou pública, Skaf acabou recuando e anunciou quem teria seu apoio na disputa no ano seguinte, em 2021: o empresário Josué Gomes, filho de José Alencar (1957-2011), vice nos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, e presidente da indústria têxtil Coteminas.

A escolha surpreendeu pelo perfil político dos dois.

Skaf estava à frente da Fiesp quando a federação instalou um gigante pato inflável em frente ao prédio da avenida Paulista contra a alta de impostos e o retorno da CPMF em 2015. O pato foi uma espécie de personagem no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Leia mais na matéria de Fernanda Brigatti na Folha de S.Paulo