O advogado Tiago Cedraz – filho do ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU) – é um dos alvos de busca da 45ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada, nesta quarta-feira (23), em Salvador, Brasília e Cotia (SP).
Ao todo, quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos na atual fase, batizada de Abate II.
Cedraz chegou às 11h na superintendência regional da Polícia Federal, em Brasília.
Havia uma intimação da PF para que ele comparecesse ao local para prestar depoimento.
Os mandados de buscas contra ele foram cumpridos na Asa Sul, bairro nobre de Brasília.
Segundo as investigações, o lobista Jorge Luz, que está preso em Curitiba, disse em depoimento que o advogado Tiago Cedraz (foto) intermediou conversas entre a empresa norte-americana Sargeant Marine e a Petrobrás e que ele teria recebido US$ 20 mil em propina por isso.
Cedraz recebeu os recursos em contas mantidas na Suíça em nome de offshores, ainda de acordo com as investigações.
Outro lado
O advogado divulgou nota reiterando “sua tranquilidade quanto aos fatos apurados por jamais ter participado de qualquer conduta ilícita”.
Cedraz afirma ainda que “confia na apuração conduzida pela Força Tarefa da Lava Jato e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários”.
Principais suspeitas
Operação Abate II apura a participação de 2 advogados em esquema de propina na Petrobras.
A ação é uma continuação da Abate I, realizada há 5 dias para investigar irregularidades na contratação da Sargeant Marine pela Petrobras.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, a Sargeant pagou US$ 500 mil ao PT, ao ex-deputado Cândido Vaccarezza e a funcionários da Petrobras para fornecer asfalto à estatal.
A Abate II indica que Cedraz e outro advogado, juntos, receberam US$ 50 mil em comissões em contas na Suíça para facilitar a contratação da Sargeant pela Petrobras.
Operação Abate I
A operação Abate I, como foi chamada a 44ª etapa da Lava Jato, foi deflagrada na última sexta (18) e prendeu o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza pela suspeita de ter recebido propina em troca de um contrato obtido pela Sargeant Marine na estatal.
Ele foi solto quatro dias depois, mas terá que pagar fiança estipulada pelo juiz Sérgio Moro de R$ 1.522.700. Ainda assim, o ex-deputado é alvo de um dos mandados de busca da atual fase da Lava Jato.
O delegado Filipe Hille Pace afirmou, nesta quarta, que a PF não descarta pedir novamente a prisão de Vaccarezza. “Temos bastante material, muitas oitivas e pessoas para serem ouvidas, e esclarecimentos a serem prestados. Então, não posso descartar essa hipótese.”
Segundo Pace, a nova fase da Lava Jato já estava prevista quando Vacarezza estava preso.
A PF não contava com a soltura, mas a corporação respeita a decisão do Sérgio Moro, disse o delegado. “Mas ela [nova fase] foi pedida em virtude de urgência que uma investigação com réu preso demanda. Como ele não está mais preso, digamos, não temos mais a mesma urgência, mas precisamos cumprir.”
Fonte: G1
Foto: Reprodução/TV Justiça