FMI projeta recessão econômica profunda por conta do coronavírus
Fundo afirma que a crise desencadeada pelo coronavírus “será tão ruim ou pior” que a de 2008, quando a bolha imobiliária estourou nos EUA.

Neuto Segundo
Publicado em: 24/03/2020 às 13:28 | Atualizado em: 24/03/2020 às 13:28
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta recessão econômica mundial para 2020.
De acordo com a diretora do fundo, Kristalina Georgieva, a crise desencadeada pelo coronavírus “será tão ruim ou pior” que a de 2008, quando ocorreu o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, levando mercados ao colapso. “Mas nós esperamos recuperação em 2021”, ponderou Georgieva.
As declarações foram feitas na segunda-feira, 23, depois de conferência com representantes do G20 – grupo dos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo e da União Europeia.
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A diretora do FMI elogiou as intervenções econômicas de diversos países e bancos centrais para fortalecer os sistemas de saúde, auxiliar o setor privado e facilitar a política monetária.
Contudo, Georgieva disse considerar que “será necessário ainda mais, sobretudo na frente fiscal”.
O fundo está disposto a usar toda sua capacidade para empréstimos: US$ 1 trilhão, o equivalente a R$ 5,08 trilhões pela cotação atual.
De acordo com Georgieva, cerca de 80 países já pediram ajuda ao FMI em decorrência do impacto econômico da covid-19.
A principal preocupação, de acordo com a diretora, são os países de baixa renda que já estão endividados.
Ao comentar os desafios enfrentados pelos países emergentes, Georgieva destacou que “investidores já retiraram US$ 83 bilhões de mercados emergentes desde o início da crise, a maior quantia já registrada”.
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, endossou a posição do FMI de esperar recessão econômica para 2020.
Ele afirma que serão necessárias “reformas estruturais” por parte dos países para agilizar a recuperação econômica “e criar a confiança de que ela pode ser forte”.
A instituição planeja injetar US$ 150 bilhões (R$ 761,9 bilhões) ao longo dos próximos 15 meses para minimizar os efeitos econômicos da covid-19. Acesse a íntegra (40 KB) do comunicado de Malpass (em inglês).
Assim como Georgieva, o presidente do banco afirma que a crise será pior para os países pais pobres. A AID (Associação Internacional de Desenvolvimento), braço do Banco Mundial para mitigar a pobreza, pretende dispor de US$ 35 bilhões.
Os recursos devem ser aplicados para combater os efeitos da pandemia, e não para o pagamento de credores, de acordo com Malpass.
Ele pediu aos líderes do G20 que suspendam os pagamentos das dívidas dos países mais vulneráveis até que o Banco Mundial e o FMI tenham avaliado as necessidades de “reconstrução e financiamento” dos mesmos – o que deve ocorrer em abril.
Fonte: Poder 360
Foto: Wikimedia Commons