Fome avança no paĂ­s e favorece compra de votos na eleiĂ§Ă£o 

Campanha 'NĂ£o Troque o Seu Voto' foca o assĂ©dio a pessoas pobres como alavanca para a compra de votos no Nordeste

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Publicado em: 26/08/2022 Ă s 16:47 | Atualizado em: 26/08/2022 Ă s 16:51

A escalada da fome no Brasil aumentou as preocupações de entidades do semiĂ¡rido nordestino e fez lançar um alerta sobre a necessidade de se conter a compra de votos em meio Ă  maior vulnerabilidade das famĂ­lias na regiĂ£o. Na publicaĂ§Ă£o de Carlos Madeiro, do UOL, sindicalista nordestina conta como Ă© o assĂ©dio na campanha eleitoral deste ano, explorando a fome.

O semiĂ¡rido inclui parte do Nordeste e norte de Minas Gerais e tem um longo histĂ³rico de uso polĂ­tico das fragilidades da populaĂ§Ă£o para obter vantagens eleitorais indevidas. Se no passado a principal promessa (falsa) era garantir Ă¡gua, os focos neste ano estĂ£o em comida e promessa de emprego. 

Por isso, para as eleições de 2022, a ASA (ArticulaĂ§Ă£o do SemiĂ¡rido) — organizaĂ§Ă£o que reĂºne 3.000 entidades — novamente encabeça a campanha “NĂ£o Troque o Seu Voto”, focando em mostrar o assĂ©dio a pessoas pobres como alavanca para a compra de votos.

Maria ConceiĂ§Ă£o Ferreira, 61, Ă© presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Feira de Santana (BA), maior cidade do interior do Nordeste, com 619 mil habitantes.

Ferreira afirma que jĂ¡ percebe uma grande movimentaĂ§Ă£o entre polĂ­ticos para se aproximarem do eleitorado do campo.

“A cesta bĂ¡sica chega, e ela vem primeiro. Depois vem a promessa da Ă¡gua, do emprego. Isso jĂ¡ Ă© visĂ­vel. Percebe-se facilmente o assĂ©dio Ă s pessoas que estĂ£o passando por todo tipo de necessidade”, afirma. 

A lĂ­der sindical conta que tem percebido uma enxurrada de promessas de ajuda para problemas financeiros.

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“Eles pagam conta de luz e fazem oferta de emprego. Quem estĂ¡ na situaĂ§Ă£o de desespero, tem filho desempregado, acaba sendo influenciado no voto”, diz.

“Isso pode ser visto nas pessoas chamadas para trabalhar em campanhas. Elas pagam R$ 15 pelo dia e dĂ£o promessas de que vĂ£o contratar as pessoas depois”, completa.

Para Ferreira, isso Ă© fruto da paralisaĂ§Ă£o de polĂ­ticas pĂºblicas no interior do Nordeste, como o programa Cisternas, do governo federal, que fez mais de 1 milhĂ£o de cisternas atĂ© 2016, mas teve novos contratos praticamente paralisados pela atual gestĂ£o federal. 

Com informações do UOL

Foto: Cimi Regional Nordeste