Fortalecida por Lula, PF é anarquizada por Bolsonaro, e não reage

Bolsonaro queria tirar do comando da PF do Rio, o que acabou fazendo, o delegado Ricardo Saadi

PF anarquizada Bolsonaro

Mariane Veiga

Publicado em: 14/05/2020 às 11:33 | Atualizado em: 14/05/2020 às 11:42

Três delegados prestaram depoimento no inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na  Polícia Federal (PF).

A princípio, por razões políticas e para proteger amigos e familiares.

Dessa forma, um deles é o superintendente no Amazonas, Alexandre Silva Saraiva.

Segundo Saraiva, quem primeiro o sondou para eventualmente assumir a Superintendência do Rio foi Alexandre Ramagem.

Conforme o depoimento, a consulta aconteceu em agosto do ano passado quando ele era, como continua hoje, chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O presidente queria tirar do comando da PF do Rio, o que acabou fazendo, o delegado Ricardo Saadi.

Saraiva contou ainda que esteve com Bolsonaro, para eventualmente assumir o Ministério do Meio Ambiente, oque não prosperou.

Até o ex-ministro Sergio Moro o teria sondado para a Fundação Nacional do Índio (Funai), o que também não se realizou.

No entanto, Saraiva endossou a crítica de Bolsonaro, afirmando que a produtividade da PF do Rio “não era grande coisa”.

Já seu colega, ex-superintendente no estado, que substituiu Saadi, e atual número dois da PF, o delegado Carlos Oliveira, nega que a divisão tenha problemas.

Segundo Moro, Bolsonaro pediu expressamente o cargo no Rio para sua escolha pessoal.

Contudo, o presidente não conseguiu colocar Ramagem como diretor da PF, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a indicação.

Bolsonaro acabou nomeando seu zero dois na Abin, Rolando de Souza, para zero um da instituição.

“Venham cá: com investigação de mensalão no governo Lula e de petrolão no governo Dilma, quando foi que vocês ouviram falar de baderna na Polícia Federal?”, questiona Reinaldo Azevedo.

“Uma instituição que deveria estar entre as mais vetustas e impermeáveis à dança das cadeiras se transformou em mero palco de manobras de interesses mesquinhos do presidente”.

De acordo com a publicação, tudo porque Bolsonaro teme que a PF do Rio acabe desfechando alguma operação fora de seu controle que atinja os filhos.

Leia na coluna de Reinaldo Azevedo, no UOL.

 

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Foto: Divulgação/PF