O governo federal anunciou nesta quinta, dia 17, que a operação Acolhida, que recebe e promove a interiorização de imigrantes e refugiados venezuelanos pela fronteira com Roraima, será prorrogada até março de 2020.
A decisão foi anunciada pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), acrescentando que não há possibilidade de fechamento da fronteira.
Eles e mais quatro ministros visitaram as instalações usadas pela operação em Boa Vista. Hoje o grupo seguirá até a região fronteiriça. Estão na capital de Roraima os ministros Azevedo e Silva, Luiz Mandetta (saúde), Ricardo Vélez (educação) e Osmar Terra (cidadania), além do controlador-geral da União, Wagner Rosário.
As autoridades vão verificar as instalações destinadas à operação Acolhida no município de Pacaraima. O município é considerado a principal porta de entrada dos imigrantes que vêm da Venezuela. Foi ali que, em agosto do ano passado, um grupo de venezuelanos foi atacado e incendiado na rua.
Azevedo e Silva descartou a possibilidade de interromper o processo, previsto para terminar em 31 de março, ressaltando que a definição dos recursos será feita. Sem detalhar, ele destacou que há aspectos que serão aperfeiçoados.
“Nós temos uma previsão [de despesas] que é finita. Tem que ver essa parte orçamentária para prosseguir”.
Uma operação conjunta
Lançada pelo governo federal no início de março de 2018, no esforço de combater a crise humanitária provocada pela onda migratória venezuelana, a operação Acolhida é coordenada pela Força-Tarefa Logística Humanitária, uma iniciativa que reúne vários ministérios e órgãos federais, estadual e municipais.
As ações de apoio aos venezuelanos que chegam ao Brasil, fugindo da crise econômica e da instabilidade política no país vizinho, incluem o fornecimento de refeições, abrigo e cuidados médicos, a regularização da situação dos imigrantes que manifestem o desejo de permanecer no Brasil e a redistribuição das famílias para outras regiões.
A Acolhida na fronteira envolve aproximadamente 600 militares da Aeronáutica, do Exército e da Marinha. As ações são responsáveis também pelos postos de atendimento e abrigos destinados aos venezuelanos.
Linhão do Tucuruí, saída para crise
Durante a entrevista, os ministros e o governador ressaltaram a preocupação com a dependência energética do estado em relação à Venezuela, que abastece a região. Metade da eletricidade consumida em Roraima vem do país vizinho. O restante é produzido por usinas termelétricas e custa cinco vezes mais que a hidrelétrica.
Segundo o governador, uma solução é a retomada da construção da linha de transmissão que sai da usina de Tucuruí, no Amazonas, até Boa Vista. São 700 quilômetros de obras, abandonadas desde 2011 e que, quando forem retomadas, devem demorar três anos para serem concluídas.
O governador Denarium avaliou que, além de garantir a autonomia energética, a construção do chamado linhão de Tucuruí poderia impulsionar a indústria local e gerar empregos.
“Vamos ter a condição de atrair novos investidores e, ao mesmo tempo, dar segurança energética ao estado. Com o linhão de Tucuruí, teremos condições de atrair a indústria para Roraima, aumentando a produção de alimentos, a agroindústria e o beneficiamento de diversos produtos.”
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Onde estão os imigrantes
Na região do linhão do Tucuruí entram cerca de 500 a 600 venezuelanos por dia em busca de abrigo e oportunidades no Brasil. Menos de 5% deles ficam em Roraima.
De acordo com os dados oficiais, a maioria dos imigrantes que ingressa no território brasileiro pela fronteira com Roraima busca seguir para outros estados e países. A Colômbia é o local mais procurado por eles nas Américas.
Desde 2017, 180 mil venezuelanos migraram passando por Pacaraima. Segundo os levantamentos mais recentes, desse total, 5,8 mil estão em Roraima e 4,2 mil foram levados para mais 15 estados, por meio da interiorização.
Fonte: Agência Brasil
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil