Garimpeiros ocupam sede do ICMBio no ParĂ¡ contra fiscalizaĂ§Ă£o

Agentes da Força Nacional de Segurança PĂºblica presentes foram acionados. No municĂ­pio, houve registro de pontes de madeira que foram queimadas

Garimpeiros ainda sobem rio Madeira rumo a Porto Velho

Publicado em: 16/02/2022 Ă s 15:02 | Atualizado em: 16/02/2022 Ă s 19:41

Um grupo de garimpeiros se reuniu na madrugada, desta quarta-feira (16), em Itaituba, no ParĂ¡, para protestar contra a fiscalizaĂ§Ă£o ambiental e bloqueou a acesso Ă  sede do Instituto Chico Mendes (ICMBio) no municĂ­pio.

Em Ă¡udios que circulam em grupos de Whatsapp, os garimpeiros pedem que empresĂ¡rios e demais mineradores que se reĂºnam em frente Ă  base do ICMBio e do Ibama, para protestar contra as ações de repreensĂ£o ao crime. Agentes da Força Nacional de Segurança PĂºblica presentes foram acionados. No municĂ­pio, houve registro de pontes de madeira que foram queimadas.

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Itaituba estĂ¡ localizada Ă s margens do Rio TapajĂ³s. A regiĂ£o Ă© historicamente conhecida como um dos maiores polos de garimpo ilegal do Brasil, tanto por meio de utilizaĂ§Ă£o de balsas de garimpo, que sugam o leito do rio em busca de minĂ©rio, quanto com a derrubada de barrancos, para lavar a terra.

A reportagem questionou o ICMBio sobre a situaĂ§Ă£o local. NĂ£o houve posicionamento atĂ© a publicaĂ§Ă£o desta matĂ©ria.

Na semana passada, a regiĂ£o foi alvo de uma aĂ§Ă£o da PolĂ­cia Federal. Na quarta-feira (9), a PF realizou a OperaĂ§Ă£o Alerta AmazĂ´nia 2, que teve como alvo o desmatamento ilegal que domina a Floresta Nacional De Altamira, no municĂ­pio de Itaituba, no ParĂ¡.

A operaĂ§Ă£o envolveu o cumprimento de trĂªs mandados de busca e apreensĂ£o, sendo um em SĂ£o JosĂ© do Rio Preto (SP), um em Itaituba e outro em SantarĂ©m, no ParĂ¡. Foi determinado o bloqueio de bens dos investigados no valor total de R$ 30,062 milhões, considerando os custos estimados para reparaĂ§Ă£o dos danos ambientais, alĂ©m do ressarcimento do proveito econĂ´mico auferido com os crimes.

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Os levantes de garimpeiros se intensificaram no governo de Jair Bolsonaro (PL), com diversas invasões a unidades do Ibama e ICMBio ocorridas nos Ăºltimos trĂªs anos. O presidente, que chegou a se dizer inimigo dos fiscais ambientais, jĂ¡ afirmou que “nĂ£o Ă© justo, hoje, querer criminalizar o garimpeiro no Brasil”.

Nesta semana, em uma aĂ§Ă£o direta de apoio a garimpeiros, o presidente Jair Bolsonaro publicou um decreto que cria o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da MineraĂ§Ă£o Artesanal e em Pequena Escala, o “PrĂ³-Mape”. Trata-se, na prĂ¡tica, de uma aĂ§Ă£o para apoiar a lavra garimpeira, principalmente na regiĂ£o amazĂ´nica, uma prĂ¡tica que Ă© majoritariamente marcada pela extraĂ§Ă£o ilegal de ouro e pedras preciosas.

O decreto assinado por Bolsonaro tem o objetivo de “propor polĂ­ticas pĂºblicas e estimular o desenvolvimento da mineraĂ§Ă£o artesanal e em pequena escala”, para estimular o “desenvolvimento sustentĂ¡vel regional e nacional”.

Um dia depois, o decreto foi alvo de questionamentos no Congresso Nacional. Por meio de um projeto de decreto legislativo protocolado nesta terça-feira, 15, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), acompanhado de todos os demais membros do partido, pediu a suspensĂ£o do ato de Bolsonaro.

Segundo Lopes, que Ă© lĂ­der da bancada petista, o decreto presidencial institui uma sĂ©rie de medidas que, na prĂ¡tica, “poderĂ£o representar um aumento nas atividades potencialmente danosas de garimpagem na regiĂ£o” amazĂ´nica, com incentivo Ă  mineraĂ§Ă£o predatĂ³ria e invasĂ£o de Ă¡reas protegidas.

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Foto: divulgaĂ§Ă£o/colaborador do BNC Amazonas