Plano de golpe de Bolsonaro previa prisão de Gilmar Mendes
Mensagens recuperadas pela PF mostram que golpistas monitoraram o ministro Gilmar Mendes. Documento inicial incluía estado de sítio e a prisão de autoridades.

Diamantino Junior
Publicado em: 02/12/2024 às 21:33 | Atualizado em: 03/12/2024 às 11:05
De acordo com apuração do Blog do Camarotti, a Polícia Federal (PF) recuperou mensagens do general Mário Fernandes que revelam o monitoramento do ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), pelos envolvidos em um plano golpista. Fernandes, preso há duas semanas em uma operação da PF, é acusado de participação em uma conspiração que visava assassinar autoridades e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As mensagens apontam que Gilmar Mendes era um dos alvos citados na primeira versão da chamada “minuta do golpe”, documento que incluía sua prisão.
Segundo o relatório da PF, a minuta original previa a decretação de estado de sítio, mas enfrentou resistência por parte de comandantes militares.
Como resultado, o ex-presidente Jair Bolsonaro ordenou ajustes no documento, restringindo-o a um estado de defesa focado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à prisão do então presidente da Corte, Alexandre de Moraes.
Mendes e o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foram retirados da versão final.
Trajetória das minutas golpistas
A investigação revelou que a minuta inicial foi elaborada por Filipe Martins e Amauri Feres, ambos aliados de Bolsonaro.
Martins e Feres apresentaram o documento ao ex-presidente, que solicitou modificações para reduzir a abrangência das ações planejadas.
Apesar disso, Bolsonaro manteve trechos que defendiam a realização de novas eleições.
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Essa não é a única evidência documental relacionada às investigações sobre as tentativas golpistas. Após os atos de 8 de janeiro, uma minuta similar foi encontrada na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
Os novos elementos apurados pela Polícia Federal reforçam a complexidade e a abrangência do plano golpista, evidenciando o monitoramento de altas autoridades como parte da estratégia dos conspiradores.
Foto: Rosinei Coutinho/STF