Goiás acusa primeira morte pela ‘variante de Manaus’ do coronavírus
A SES de Goiás informou ao Metrópoles que a mulher é a primeira moradora do estado a ter morte por complicações de uma nova variante do vírus

Diamantino Junior
Publicado em: 16/03/2021 às 16:16 | Atualizado em: 16/03/2021 às 18:59
Uma idosa de 60 anos, moradora de Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, morreu depois de ser contaminada pela variante de Manaus do novo coronavírus.
A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES) confirma a informação e alerta que centenas de moradores da região e de outras cidades goianas já foram contaminados, em transmissão comunitária, pelas cepas mais transmissíveis e mortais.
A SES de Goiás informou ao Metrópoles que a mulher é a primeira moradora do estado a ter morte por complicações de uma nova variante do vírus.
Preocupado com o avanço da doença, nesta terça-feira (16), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), anunciou que o estado puxará para si a definição de regras restritivas.
A superintendente estadual de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, confirmou a morte da idosa, que foi registrada do Hospital Regional de Ceilândia, e a transmissão comunitária por variantes de Manaus e do Reino Unido.
Esta última, segundo estudo de Londres, aumenta em 61% o risco de morte.
Caso da idosa
Somente neste mês, o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) enviou à secretaria de Saúde de Goiás o resultado do exame de sequenciamento genético que comprovou a morte da idosa por causa da nova variante. Ela não teve o nome divulgado.
De acordo com relatório de óbito, no dia 5/2, a idosa começou a sentir obstrução nasal, dor de cabeça, febre e dispinéia.
Dois dias depois, ela buscou o primeiro atendimento em hospital de Brasília. Em seguida, segundo o documento, foi orientada a voltar para casa.
No dia 12/2, ela começou a sentir falta de ar de repente e sofreu para cardiorrespiratória enquanto era levada de carro pela família de Águas Lindas para o Hospital Regional de Ceilândia, onde foi confirmado o óbito.
Gravidade das cepas
“As variantes mais graves estão em transmissão comunitária em Goiás”, alertou Amorim. Segundo ela, o aumento de hospitalização e de óbitos já podem ter relação com a acelerada disseminação de pessoas pelas novas linhagens do coronavírus.
Além de ter casos em Águas Lindas, a 200 quilômetros de Goiânia, a variante de Manaus já foi confirmada em Goiânia, Catalão e Anápolis, onde também já foi confirmada a linhagem do Reino Unido.
Em Luziânia e Valparaíso, que já tiveram casos da cepa britânica, também há investigação para confirmar a transmissão comunitária.
“Só tem a confirmação [laboratorial] desses municípios, mas a gente sabe que isso deve ter dispersado para todo o estado. E a variante do Reino Unido, que a gente está monitorando melhor, pode estar comunitária em outras cidades também”, destacou Amorim.
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A secretaria realiza pesquisa em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para fazer o sequenciamento de genoma do vírus. “Até o final desta semana, a gente vai receber o resultado de 60 amostras que foram encaminhadas de todo o estado para fazer monitoramento dessas variantes no estado”, antecipou a superintendente.
Segundo a UFG, a previsão é de que, no total, sejam analisadas 120 amostras do coronavírus – 60 da capital e 60 de outros municípios do estado.
Número de contaminados
A representante da secretaria afirmou que ainda vai realizar levantamento de quantas pessoas foram contaminadas em transmissão comunitária no estado. “Vou precisar ter esses dados do sequenciamento que a UFG está fazendo para ter ideia, mas já existe transmissão comunitária em Goiás”, reforçou.
Segundo ela, todas as mortes no estado passam por uma criteriosa verificação para saber a data em que a pessoa foi internada e a causa da morte. Nem todas as pessoas que estão com Covid, conforme ressaltou, morrem por causa de complicações da doença.
“A gente teve um paciente que estava com Covid, internado no HCamp [Hospital de Campanha de Goiânia] e suicidou dentro do hospital, no ano passado. Ele tinha a doença, mas não morreu por Covid”, acentuou. “Por isso, todo caso gente investiga para saber a relação da morte com a Covid”, asseverou.
Covid em Goiás
Em Goiás, de acordo com monitoramento da secretaria, já foram registrados 437.233 casos de Covid-19, com 9.587 mortes.
Outros 249 óbitos estão em investigação. A taxa de letalidade da doença está 2,19%.
Em vídeo no Instagram, a Secretaria Estadual de Saúde reforça o alerta para a população manter distanciamento social e seguir demais recomendações de autoridades sanitárias.
Foto: Divulgação/Agência Brasil