Governadores: como estão com Lula apoiadores de Bolsonaro

O que une os políticos desse campo é a defesa de uma agenda liberal na economia, que enfrenta resistência da gestão Lula.

Publicado em: 22/02/2023 às 21:01 | Atualizado em: 23/02/2023 às 09:55

Governadores que apoiaram Bolsonaro em 2022 tentam governar com tom moderado, mas muito próximos da extrema-direita, nada moderada. Esse é o grande dilema dos administradores públicos eleitos sob a bandeira do bolsonarismo. Essa leitura é trazida por reportagem do O Globo.

“Em busca de protagonismo no campo da direita, governadores que pediram votos para o ex-presidente Jair Bolsonaro têm se equilibrado sobre condições quase inconciliáveis: aliam a busca por um tom moderado com acenos à extrema-direita em suas gestões”, diz lead da matéria.

Enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ) e Ratinho Jr. (PSD-PR) operam para ampliar o diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem romper com o bolsonarismo, Jorginho Melo (PL-SC) e Antonio Denarium (PP-RR) se aproximam de pautas da base ultraconservadora — e veem aliados flertarem, respectivamente, com o golpismo e o garimpo. Já Romeu Zema (Novo-MG) resgatou o antipetismo de sua eleição em 2018.

O que une os políticos desse campo é a defesa de uma agenda liberal na economia, que enfrenta resistência da gestão Lula.

Tarcísio, Castro e Ratinho, por exemplo, articulam com o governo federal, nesta ordem, concessões no Porto de Santos, no aeroporto internacional Tom Jobim e no modelo dos pedágios do Paraná.

Aliados admitem, portanto, que a dependência de verbas federais impõe dificuldades a uma oposição mais contundente.

Em São Paulo, Tarcísio procura trilhar um caminho próprio e imprimir estilo técnico, mas a relação com a base bolsonarista é considerada abalada. Ele foi criticado ao se encontrar com Lula em Brasília e por sancionar lei para acesso gratuito na rede pública do estado, pelo SUS, à canabis medicinal.

Alternativas para 2026

Tarcísio também tem enquadrado bolsonaristas e emitido sinais para que evitem polêmicas, segundo pessoas próximas.

O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, recuou em declarações sobre o fim do programa de câmeras corporais nas fardas de policiais militares após o governador desautorizá-lo.

De acordo com o relato de um auxiliar, o Tarcísio também pediu que a secretária de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes, tome cuidado com postagens nas redes que inflamem a militância extremista.

Para dirimir as rusgas com os radicais, um aliado de Tarcísio com cargo no governo vem se incumbindo de atender comunicadores e lideranças da direita para esclarecer os atos do governador.

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O malabarismo entre a moderação e o radicalismo é apontado pela oposição. Próximo de Lula, o deputado estadual Emídio de Souza (PT) afirma que a presença de Gilberto Kassab, presidente do PSD, na Secretaria de Governo “puxa o governador mais para o lado da política”:

Leia mais na reportagem de Gustavo Schimitt, Guilherme Caetano e Jan Niklas publicada no portal do jornal O Globo

Foto: Ricardo Stuckert/PR