Governo Bolsonaro se desfaz de acervo sobre a ditadura militar
A ex-ministra Damares Alves trabalhou para se desfazer de cerca de 17 mil itens

Publicado em: 26/10/2022 às 19:02 | Atualizado em: 26/10/2022 às 19:02
Em seu blog no portal do Metrópoles, o jornalista Ricardo Noblat revela como a ex-ministra Damares Alves agiu em nome do governo Bolsonaro para dar fim a 17 mil obras da memória da ditadura militar no Brasil.
Damares, mais de uma vez, deu declarações negacionistas sobre a existência dos anos de chumbo e, num vídeo, mostrou uma série de publicações sobre aquela época.
Além disso, ela acusou ser desperdício de dinheiro público e armazenou todo esse material. São publicações elaboradas pela Comissão de Anistia, que pode ser encerrada pelo governo este ano.
O ministério, hoje, quer se desfazer desse material. Segundo suas próprias contas são cerca de 17 mil itens.
O governo alega não se tratar de descaso com a memória da ditadura, mas uma questão de logística. Diz não haver espaço para tanta coisa. O ministério informou se tratar de uma doação. Esse material foi produzido nos anos dos governos do PT.
Nesse acervo tem 500 CDs do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, instituída no governo Dilma Rousseff, e que aponta uma lista de militares responsáveis por torturas e mortes durante a ditadura e que deveriam ser punidos.
Tem mais: 10 livros com o título “Paulo Freire, anistiado político brasileiro”. O educador foi escolhido como um dos nomes a serem combatidos pelo bolsonarismo. Consta também nesse acervo 40 publicações da extensa publicação “Os advogados contra a ditadura por uma questão de justiça”. Esse livro traz relatos de advogados que atuaram a favor de perseguidos políticos e que foram julgados em tribunais militares naquela época.
No material, 288 unidades da revista “Anistia Política e Justiça de Transição”. Há também 63 DVDs e 270 publicações do projeto “Sala escura da tortura”, uma mostra com telas inspiradas nos relatos de Frei Tito, durante seu exílio na França. Frei Tito foi um religioso brasileiro, preso e torturado pelos agentes da repressão. Morreu no exílio.
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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil