Governo Trump minimiza abusos de direitos humanos em El Salvador

O governo dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira (12 de agosto) relatório afirmando que não houve “abusos significativos de direitos humanos” em El Salvador em 2024, invertendo a avaliação crítica feita no ano anterior pelo governo de Joe Biden.

O “Relatório de Práticas de Direitos Humanos de 2024”, entregue ao Congresso americano, avalia 196 países membros da ONU e é referência mundial em tribunais nacionais e internacionais.

O documento do governo Trump suaviza consideravelmente as críticas feitas anteriormente a El Salvador, oferecendo uma avaliação mais branda e menos detalhada sobre mortes, tortura e condições carcerárias.

No relatório de 2023, elaborado durante o governo Biden, havia destaque para mortes arbitrárias de detentos, desaparecimentos forçados, tortura, prisões arbitrárias e superlotação em penitenciárias, com mais de mil casos de detidos desaparecidos, segundo a ONG Socorro Jurídico Humanitário.

Já o relatório de 2024 apenas menciona algumas mortes ilegais, sem detalhar causas ou relatos de tortura, e registra oito queixas de falta de informação sobre detentos.

Apesar da avaliação positiva do governo Trump, organizações não governamentais e relatos de imigrantes detidos em El Salvador apontam condições precárias, incluindo espancamentos, comida estragada e celas extremamente pequenas, descrevendo a situação como um “inferno”.

Paralelamente, a situação política do país tem gerado preocupação internacional.

O relatório de democracia 2024 do V-Dem, da Universidade de Gotemburgo, indica que o governo de Bukele contribuiu para um “processo claro de autocratização”, com enfraquecimento do Legislativo e do Judiciário, destituição de juízes do Supremo Tribunal e do Procurador Geral, e controle quase total da Assembleia Legislativa pelo partido governista.

Recentemente, o Congresso salvadorenho aprovou a reeleição ilimitada, permitindo que Bukele busque um terceiro mandato.

O relatório de Trump ressalta, entretanto, que a violência causada por gangues permaneceu em níveis historicamente baixos durante o estado de exceção, atribuindo a redução às “prisões em massa que reprimiram a atividade” desses grupos criminosos.

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Foto: Agência Brasil/EBC