Rio Madeira: grupo de Carlos Suarez quer R$ 1,2 bi para ligar térmicas
O custo estimado de R$ 1,2 bilhĂ£o para ativar as usinas Termonorte 1 e 2, que fazem parte dos ativos da Termo Norte Energia, levanta debates sobre sua eficĂ¡cia e implicações ambientais.

Publicado em: 19/10/2023 Ă s 12:25 | Atualizado em: 19/10/2023 Ă s 23:41
O elevado custo estimado em R$ 1,2 bilhĂ£o para acionar as usinas Termonorte 1 e 2, em Porto Velho, tornou-se motivo de controvĂ©rsia entre entidades de consumidores e o MinistĂ©rio de Minas e Energia (MME). A cifra provocou debates, inclusive na AgĂªncia Nacional de Energia ElĂ©trica (Aneel), responsĂ¡vel por definir a operaĂ§Ă£o das usinas. Especialistas do setor preveem que, se acionadas, essas usinas se tornarĂ£o das mais caras do Brasil.
Para adicionar ainda mais controvĂ©rsia, a usina hidrelĂ©trica de Santo AntĂ´nio, localizada a apenas 7 quilĂ´metros da capital de RondĂ´nia, Ă s margens do rio Madeira, voltou a operar na Ăºltima segunda-feira. Diante dessa mudança, o MME sugere que a medida pode ser revista.
Essas duas usinas fazem parte dos ativos da Termo Norte Energia, uma empresa do empresĂ¡rio Carlos Suarez, que possui diversos empreendimentos no setor de gĂ¡s.
A decisĂ£o de ligar essas usinas foi aprovada em 4 de outubro durante uma reuniĂ£o do ComitĂª de Monitoramento do Setor ElĂ©trico (CMSE) como uma alternativa para garantir o fornecimento de energia para RondĂ´nia e Acre, devido Ă crise hĂdrica que afeta o rio Madeira na regiĂ£o.
A Aneel aprovou os preços solicitados pela Termo Norte Energia para operar as usinas em uma reuniĂ£o na terça-feira.
No entanto, a agĂªncia ainda se reserva o direito de validar os custos apresentados e exigiu que a empresa apresentasse um relatĂ³rio tĂ©cnico e financeiro detalhando as informações sobre os custos de operaĂ§Ă£o, que seriam analisados por suas Ă¡reas de fiscalizaĂ§Ă£o tĂ©cnica e financeira.
Se a empresa nĂ£o fornecer os dados solicitados ou se as informações apresentadas posteriormente nĂ£o confirmarem os custos, a Aneel calcularĂ¡ o valor com base em seus parĂ¢metros e buscarĂ¡ uma compensaĂ§Ă£o pela diferença, que os especialistas do setor estimam ser entre 8% e 10% inferior ao apresentado pela empresa.
A Abrace Energia e a Frente Nacional dos Consumidores de Energia enviaram cartas ao Ministro Alexandre Silveira na terça-feira, argumentando que, dada a melhora na oferta de energia e o alto custo das usinas tĂ©rmicas, seria mais adequado adiar a decisĂ£o para evitar um aumento nas contas de luz.
A Termo Norte Energia informou que precisa operar as usinas por 60 dias ininterruptos e pediu um preço fixo para cobrir os custos de operaĂ§Ă£o, que chegam a quase R$ 3.000 por megawatt-hora.
A empresa tambĂ©m solicitou nĂ£o participar do rateio de inadimplĂªncia do mercado de curto prazo durante o perĂodo e preferiu ser isenta de testes e de penalidades que possam ocorrer.
A reativaĂ§Ă£o das usinas tĂ©rmicas em questĂ£o estĂ¡ atualmente passando por vĂ¡rios procedimentos tĂ©cnicos e legais, uma vez que uma delas estava sem a autorizaĂ§Ă£o para operar.
As usinas usam Ă³leo diesel, o que as torna menos eficientes e consome mais combustĂvel, resultando no alto custo da proposta.
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O preço Ă© calculado pela Aneel de acordo com as diretrizes do MME e os parĂ¢metros previstos em uma portaria.
O MinistĂ©rio de Minas e Energia afirmou que a decisĂ£o sobre a importĂ¢ncia dessas usinas Ă© do CMSE e que cabe Ă Aneel estabelecer os contornos regulatĂ³rios, incluindo a definiĂ§Ă£o dos preços com base nas diretrizes do MME.
A crise de abastecimento das usinas tĂ©rmicas tambĂ©m envolve o transporte do combustĂvel por 3.000 km de rodovias a partir de PaulĂnia (SP), o que pode resultar em emissões de combustĂveis fĂ³sseis.
A situaĂ§Ă£o continua a ser avaliada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) e pelo CMSE.
Nesse cenĂ¡rio, o MME expressou que a necessidade de acionar essas usinas estĂ¡ sendo reavaliada e que a decisĂ£o final serĂ¡ baseada na garantia do fornecimento de energia para a regiĂ£o.
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