Hacker repete que recebeu R$ 40 mil de Zambelli para invadir site do CNJ

Advogado apresenta detalhes sobre os pagamentos e possíveis colaboradores. Saiba sobre as alegações e as investigações em andamento.

Publicado em: 16/08/2023 Ă s 20:01 | Atualizado em: 16/08/2023 Ă s 23:06

O hacker Walter Delgatti reiterou durante depoimento Ă  PolĂ­cia Federal (PF), nesta quarta-feira (16/8), que recebeu uma quantia de dinheiro da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para executar invasões em sistemas judiciais. Segundo o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, que falou com a mĂ­dia apĂ³s o depoimento, o montante envolvido foi de R$ 40 mil.

De acordo com o advogado, o hacker apresentou evidĂªncias que corroboram os pagamentos recebidos da deputada.

“Ele trouxe provas de que recebeu valores da Carla Zambelli. Conforme Walter, o montante chega prĂ³ximo a R$ 40 mil, sendo aproximadamente R$ 14 mil em depĂ³sitos bancĂ¡rios e o restante em espĂ©cie, com o objetivo de invadir sistemas judiciais”, afirmou Moreira.

Delgatti foi detido em agosto em uma operaĂ§Ă£o da PolĂ­cia Federal que investiga tentativas de invasĂ£o nos sistemas judiciais. Na ocasiĂ£o da operaĂ§Ă£o, foram realizadas buscas e apreensões em endereços ligados a Zambelli.

O advogado tambĂ©m revelou que durante o depoimento desta quarta-feira, Delgatti apresentou novas provas e mencionou mais pessoas envolvidas no caso da invasĂ£o dos sistemas judiciais. Moreira destacou: “Foram mencionadas outras pessoas envolvidas ou que colaboraram com Walter na invasĂ£o”.

A defesa de Zambelli emitiu um comunicado rejeitando as alegações de conduta ilegal e imoral da parlamentar, inclusive negando qualquer tipo de pagamento ao hacker mencionado.

Questionado sobre a possibilidade de Delgatti estar negociando um acordo de delaĂ§Ă£o premiada com a PolĂ­cia Federal, o advogado respondeu que, atĂ© o momento, nĂ£o estava ocorrendo tal negociaĂ§Ă£o. Quando questionado se Delgatti estaria discutindo uma delaĂ§Ă£o com alguma outra instĂ¢ncia, como a Procuradoria-Geral da RepĂºblica (PGR), o advogado respondeu que nĂ£o poderia fornecer essa informaĂ§Ă£o.

Delgatti, conhecido como o “hacker de Araraquara”, voltou a ser alvo da PolĂ­cia Federal em janeiro deste ano devido Ă  invasĂ£o dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserĂ§Ă£o de um falso mandado de prisĂ£o contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nesse contexto, Delgatti relatou Ă  PF em junho que:

Teve um encontro com Zambelli em setembro de 2022, antes da eleiĂ§Ă£o, e que ela pediu para invadir a urna eletrĂ´nica ou qualquer sistema judiciĂ¡rio, com o intuito de demonstrar a fragilidade dos sistemas;

Tentou invadir a urna, mas o cĂ³digo-fonte nĂ£o estava conectado a uma rede, impedindo seu sucesso;

Informou a Zambelli que nĂ£o teve Ăªxito e ela pediu que ele invadisse o celular e e-mail do ministro Alexandre de Moraes para encontrar conversas comprometedoras. Ele afirmou que jĂ¡ havia acessado o e-mail de Moraes em 2019 e nĂ£o encontrou nada;

Conseguiu acessar o sistema do CNJ e propĂ´s emitir um mandado de prisĂ£o falso contra Moraes, como se fosse emitido por ele mesmo. Delgatti disse que, ao compartilhar isso com Zambelli, ela redigiu um texto para publicaĂ§Ă£o, porĂ©m com problemas de redaĂ§Ă£o. ApĂ³s ajustes, o mandado foi emitido com bloqueio de bens no mesmo valor da multa aplicada ao PL (Partido Liberal);

Foi levado por Zambelli para um encontro com Bolsonaro na residĂªncia oficial do presidente, o PalĂ¡cio da Alvorada, em agosto de 2022.

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Foto: reproduĂ§Ă£o das redes sociais