O hacker Walter Delgatti reiterou durante depoimento à Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira (16/8), que recebeu uma quantia de dinheiro da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para executar invasões em sistemas judiciais. Segundo o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, que falou com a mídia após o depoimento, o montante envolvido foi de R$ 40 mil.
De acordo com o advogado, o hacker apresentou evidências que corroboram os pagamentos recebidos da deputada.
“Ele trouxe provas de que recebeu valores da Carla Zambelli. Conforme Walter, o montante chega próximo a R$ 40 mil, sendo aproximadamente R$ 14 mil em depósitos bancários e o restante em espécie, com o objetivo de invadir sistemas judiciais”, afirmou Moreira.
Delgatti foi detido em agosto em uma operação da Polícia Federal que investiga tentativas de invasão nos sistemas judiciais. Na ocasião da operação, foram realizadas buscas e apreensões em endereços ligados a Zambelli.
O advogado também revelou que durante o depoimento desta quarta-feira, Delgatti apresentou novas provas e mencionou mais pessoas envolvidas no caso da invasão dos sistemas judiciais. Moreira destacou: “Foram mencionadas outras pessoas envolvidas ou que colaboraram com Walter na invasão”.
A defesa de Zambelli emitiu um comunicado rejeitando as alegações de conduta ilegal e imoral da parlamentar, inclusive negando qualquer tipo de pagamento ao hacker mencionado.
Questionado sobre a possibilidade de Delgatti estar negociando um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, o advogado respondeu que, até o momento, não estava ocorrendo tal negociação. Quando questionado se Delgatti estaria discutindo uma delação com alguma outra instância, como a Procuradoria-Geral da República (PGR), o advogado respondeu que não poderia fornecer essa informação.
Delgatti, conhecido como o “hacker de Araraquara”, voltou a ser alvo da Polícia Federal em janeiro deste ano devido à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserção de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nesse contexto, Delgatti relatou à PF em junho que:
Teve um encontro com Zambelli em setembro de 2022, antes da eleição, e que ela pediu para invadir a urna eletrônica ou qualquer sistema judiciário, com o intuito de demonstrar a fragilidade dos sistemas;
Tentou invadir a urna, mas o código-fonte não estava conectado a uma rede, impedindo seu sucesso;
Informou a Zambelli que não teve êxito e ela pediu que ele invadisse o celular e e-mail do ministro Alexandre de Moraes para encontrar conversas comprometedoras. Ele afirmou que já havia acessado o e-mail de Moraes em 2019 e não encontrou nada;
Conseguiu acessar o sistema do CNJ e propôs emitir um mandado de prisão falso contra Moraes, como se fosse emitido por ele mesmo. Delgatti disse que, ao compartilhar isso com Zambelli, ela redigiu um texto para publicação, porém com problemas de redação. Após ajustes, o mandado foi emitido com bloqueio de bens no mesmo valor da multa aplicada ao PL (Partido Liberal);
Foi levado por Zambelli para um encontro com Bolsonaro na residência oficial do presidente, o Palácio da Alvorada, em agosto de 2022.
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Foto: reprodução das redes sociais