Governo de Bolsonaro foi perverso ao cortar comida dos ianomâmis

A reportagem teve acesso a documentos que comprovam a emissão de vários alertas sobre a situação nutricional dos ianomâmis.

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Diamantino Junior

Publicado em: 13/02/2023 às 08:50 | Atualizado em: 13/02/2023 às 09:22

Uma reportagem exclusiva do jornalista Carlos Madeiro, publicada no portal UOL, traz à tona mais uma das atrocidades cometidas pelo governo de Jair Bolsonaro contra o povo ianomâmi. Documentos da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) revelam que Bolsonaro cortou alimentação doado aos indígenas.

A reportagem teve acesso a documentos que comprovam a emissão de vários alertas sobre a situação nutricional dos ianomâmis. Os relatórios foram enviados aos ministérios da Justiça e Segurança Pública e da Cidadania entre junho de 2021 e março de 2022.

Além de descrever o grave quadro de desnutrição dos indígenas, os documentos também relatam os impactos negativos de uma interrupção na distribuição de comida, oriundas do programa Ação de Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais Tradicionais (ADA).

Segundo a Sesai, o Dsei (Distrito Sanitário Indígena Especial) Yanomami foi contemplado pela ADA em 2017, após determinação do TCU (Tribunal de Contas da União).

A ação era coordenada pela Secretaria Nacional de Inclusão Social e Produtiva Rural, do antigo Ministério da Cidadania.

Suspeita de genocídio

A reportagem lembra, ainda, sobre a suspeita de genocídio dos ianomâmis que está sendo investigada pela Polícia Federal (PF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Leia trecho da reportagem de Carlos Madeiro

“Entre os focos da investigação, o órgão apura se houve omissão de agentes públicos e atuação dos financiadores e facilitadores do garimpo ilegal na região. A superintendência da PF em Roraima é a responsável pelas investigações, que correm em sigilo.

À época dos ofícios, o ministro da Justiça era Anderson Torres —que está pres o por suspeita de omissão e conivência com atos golpistas de 8 de janeiro. A coluna procurou a defesa de Torres e aguarda retorno.

No mês passado, em seu canal no Telegram, Bolsonaro se defendeu de acusações de Lula, que disse que a gestão anterior abandonou os yanomamis. O ex-presidente citou ações voltadas aos povos indígenas em seu governo — mas omitiu dados sobre mortes.

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‘De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de Atenção Básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS'”.

Ao UOL Entrevista, na quinta-feira (9), o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) afirmou e que o problema dos indígenas Ianomâmi é “muito antigo” e que a responsabilidade pela crise humanitária é da “sociedade”.

Salles foi ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro até ser exonerado em junho de 2021 por suspeitas de facilitar a exportação ilegal de madeira do Brasil aos EUA e à Europa.”

Leia mais na reportagem de Carlos Madeiro no UOL

Foto: Ricardo Stuckert