PF revela data planejada para golpe de Bolsonaro

A PF investiga o golpismo de Bolsonaro, com dois núcleos operando em paralelo e detalhes chocantes sobre o plano.

Diamantino Junior

Publicado em: 10/10/2023 às 10:11 | Atualizado em: 10/10/2023 às 10:11

A Polícia Federal (PF) está avançando em suas investigações sobre o golpismo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os elementos coletados até agora apontam para um roteiro com duas dimensões paralelas de organização e uma data limite para a tomada do poder, caso Bolsonaro perdesse as eleições: 18 de dezembro de 2022, véspera da data inicialmente prevista para a diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva.

A PF encontrou indícios de dois núcleos trabalhando em paralelo: um operacional, responsável por organizar manifestações e tumultos, e outro político, que buscava justificar medidas de exceção.

Esses núcleos operavam de forma independente, mas alguns personagens-chave atuavam como elo entre eles, como Mauro Cid e o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto.

As investigações indicam que havia presença notável dos chamados “kids pretos”, militares das Forças Especiais, em ambas as dimensões do golpe.

Esses militares, que incluem Braga Netto e outros generais, desempenharam papéis importantes na articulação das ações golpistas.

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O áudio captado no celular de Mauro Cid e gravado pelo coronel Ailton Barros revela detalhes do “cronograma” do golpe, incluindo a pressão sobre Marco Antonio Freire Gomes para aderir à causa.

A PF está analisando várias gravações semelhantes trocadas por Cid com outros interlocutores.

Essas descobertas levantam sérias preocupações sobre a tentativa de subverter a ordem democrática no Brasil.

As investigações continuam, e a PF busca reunir mais evidências para entender a extensão dessas conspirações.

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Militares na mira da PF

A Polícia Federal (PF) cumpre hoje (29) um mandado de busca e apreensão contra o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes.

Conforme divulgou a Folha de S.Paulo, ele é investigado sob suspeita de ter atuado na idealização do ataque às sedes dos Poderes, em 8 de janeiro. É a 18º fase da operação Lesa Pátria.

Além disso, Supremo Tribunal Federal (STF) ainda determinou o bloqueio de ativos e valores do general da reserva.

Segundo a publicação, Ridauto Fernandes participou da invasão aos Três Poderes, dia 8 de janeiro.

Dessa forma, de acordo com a investigação, é possivelmente um dos idealizadores dos atos golpistas.

No governo Bolsonaro (PL), ele foi diretor de Logística do Ministério da Saúde durante as gestões dos ministros Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga.

Então, durante os ataques golpistas, Ridauto gravou vídeos e enviou para amigos e familiares.

Por exemplo, em um deles, o general disse que estava “arrepiado” com o que estava acontecendo.

“O pessoal acabou de travar a batalha do gás lacrimogêneo. Acreditem: a PM jogou gás lacrimogêneo na multidão aqui durante meia hora e agora eles estão aqui na frente e o pessoal está aplaudindo a Polícia Militar”, disse.

Da mesma forma, o general da reserva ainda disse que os manifestantes entendiam que os policiais militares estavam “cumprindo ordens para defender o patrimônio” e que seriam “bem-intencionados”.

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Foto: Alan Santos/Presidência da República