Mensagens encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, detido desde maio deste ano, sugerem que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) poderia ter conhecimento sobre a venda e recuperação das joias. Cid, ex-ajudante de ordens, está sob investigação por suposto envolvimento em um esquema de comercialização de presentes oferecidos por delegações estrangeiras ao governo brasileiro.
A situação do ex-presidente ficou ainda mais complicada na semana passada, após declarações do hacker da Vaza Jato, conhecido como Walter Delgatti. Durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os acontecimentos criminosos de 8 de janeiro, Delgatti afirmou que Bolsonaro solicitou sua ajuda para envolver o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em grampos telefônicos.
Uma fonte da Polícia Federal (PF) revelou ao programa Fantástico, no domingo (20/8), que há indícios de que o ex-presidente estava ciente das tentativas de venda e resgate das jóias por Mauro Cid. No entanto, as conclusões oficiais da PF ainda não foram finalizadas. A autorização para a quebra de sigilo dos dados de Cid e das contas bancárias de Bolsonaro e Michelle Bolsonaro foi concedida pelo próprio Alexandre de Moraes.
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A análise das joias está em curso no Instituto Nacional de Criminalística, situado no complexo da PF em Brasília. Vários laboratórios estão envolvidos na perícia. Segundo o Fantástico, os peritos elogiaram a qualidade dos diamantes presentes nas joias femininas. Eles também identificaram um total de 3.161 diamantes em um colar presenteado ao governo brasileiro, estimando um valor aproximado de R$ 4,15 milhões.
Os itens que estão sendo analisados pela PF no contexto do esquema das joias incluem joias femininas, uma escultura de cavalo em liga metálica e conjuntos masculinos em ouro branco e rosé.
Somente as joias femininas, destinadas à então primeira-dama Michelle Bolsonaro, têm um valor estimado de R$ 4,15 milhões.
Esse valor considera tanto a marca de luxo quanto a quantidade e qualidade dos diamantes nas peças. Entre os outros conjuntos, o relógio mais caro é o modelo rosé da marca Choppard, com uma avaliação de R$ 695 mil.
A segunda-feira (21/8) se anuncia intensa, com possíveis novos desdobramentos no caso do hacker da “Vaza Jato”, Walter Delgatti. As declarações feitas por ele à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o suposto envolvimento de Bolsonaro nos grampos telefônicos contra o ministro Alexandre de Moraes também podem trazer mais esclarecimentos.
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Foto: Roque de Sá/Agência Senado