Jornalista da Globo é acusada de machismo após criticar Janja

Jornalista comentou que haveria um incômodo com o "excesso de espaço" que Janja , "vem ocupando".

Jornalista da Globo é acusada de machismo após criticar Janja

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 13/11/2022 às 10:15 | Atualizado em: 13/11/2022 às 10:15

A jornalista  Eliane Cantanhêde, analista política da GloboNews e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, foi acusada de machismo nas redes sociais após criticar a futura primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja.

É que a jornalista comentou no programa ‘Em Pauta’ que haveria um incômodo com o “excesso de espaço” que Janja , “vem ocupando”. Como informa o Ig/Último Segundo.

Por exemplo, Cantanhêde questionou por que Janja esteve sentada ao lado de Lula (PT), do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Assim como da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante encontro com aliados na quinta-feira (10), no CCBB, em Brasília. 

Ela estava ali sentada, mas ela não é presidente do PT, ela não é líder política, ela não é presidente de partido, enfim, por que ela estava ali? Qual era o papel da primeira-dama?, disse a jornalista ao vivo.

Machismo

Como resultado, vieram as reações contra a jornalista, considerando a forma como ela abordou o protagonismo de Janja.

Dessa forma, a presidente do Partido dos Trabalhadores Gleisi Hoffmann criticou Eliane.

Assim, em uma de suas redes sociais, Hoffmann escreveu que o  “machismo incrustado na cabeça de mulheres ditas esclarecidas”  a apavora e chamou a declaração da jornalista de  “desprezível”.

Por outro lado, Cantanhêde respondeu:  “Alguém falar de ‘machismo incrustado’ comigo não é só injusto, é ridículo. Meu feminismo está no DNA e numa vida inteira. Elogiei Janja, apenas separei a relação pessoal com função pública”.

Ainda segundo a publicação, já o deputado federal eleito André Janones, publicou uma foto ao lado de Janja com uma frase de Chimamanda Ngozi Adichie: “Se uma mulher tem poder, porque é que é preciso disfarçar que tem poder? Mas a triste verdade é que o nosso mundo está cheio de homens e de mulheres que não gostam de mulheres poderosas”. 

Da mesma forma, Janones escreveu em outra publicação : “Eu prefiro uma primeira dama que ajude o presidente a governar, do que uma que ajude a lavar dinheiro da milícia em sua conta bancária” em referência a atual primeira-dama Michele Bolsonaro.

Além deles, a cantora Daniela Mercury disse: “A fala de Eliane Catanhede sobre Janja é das piores coisas que já vimos uma mulher falar sobre outra.
@JanjaLula sempre disse que gostaria de ressignificar esse papel de primeira dama e pelo visto ela já começou a fazê-lo.Janja não veio para ficar nos bastidores. RESPEITA A JANJA.”

Por fim, o influencer Felipe Neto publicou uma mensagem em defesa da futura primeira-dama: “Janja entende muito, trabalha dia e noite e é um orgulho pro Brasil tê-la como primeira-dama. A mulher é socióloga com MBA em Gestão Social e Sustentabilidade. Respeita a Janja!”, escreveu.

Leia mais no Ig/Último Segundo.

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Nota das Mulheres do PT

A Secretaria Nacional de Mulheres do PT repudia a fala machista da jornalista Eliane Catanhêde em relação à futura primeira-dama do país. Em primeiro lugar, defendemos o direito de a mulher ocupar espaço na política, independente de quem seja e do lugar que ela ocupe. Atuamos diuturnamente pela composição de uma esfera pública saudável e democrática, em que todas as pessoas possam ocupar espaço sem sofrer nenhum tipo de violência. E, no caso das mulheres,  a bandeira do enfrentamento à violência política de gênero tem sido uma das principais frentes de batalha que as mulheres do PT vem atuando no último período.

Em segundo lugar, queremos chamar atenção para a reflexão sobre a concepção do “primeiro-damismo” na cultura da política brasileira. Trata-se da expressão político-institucional de impor às mulheres o tipo de papel que elas devem ocupar em determinado lugar da sociedade. Respeitamos todas as primeiras-damas que já ocuparam seu espaço da forma como gostariam de fazê-lo. Entendemos que, em uma sociedade democrática, as mulheres lutam e conquistam as oportunidades de ocupar os espaços e elas decidem se querem ou não; e, caso queiram, elas decidem a forma como querem ocupar.

Historicamente, vivemos em uma sociedade patriarcal, construída pela ótica machista e a “expectativa” de comportamento, sobretudo das mulheres, segue a mesma lógica. Precisamos nos unir para que essa concepção seja desnaturalizada e que os valores democráticos sejam a régua da atuação institucional, principalmente do governo. Estamos diante da reconstrução de um novo Brasil, de ressurgimento dos valores e princípios democráticos, da igualdade de vozes e de direitos. E o papel da mulher, não só ao lado do presidente, mas em todos os espaços de liderança, faz parte desse Brasil do Futuro que ousamos sonhar e vamos construir com as mulheres brasileiras em todos os cantos do país.

Foto: Reprodução/Instagram