Jovens negros são vítimas de 80% das mortes violentas no Brasil

O levantamento é do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância)

Mariane Veiga

Publicado em: 22/10/2021 às 13:28 | Atualizado em: 22/10/2021 às 13:48

Jovens e adolescentes negros com idade entre 15 e 19 anos, mortos por arma de fogo, esse é o perfil de vítimas mais comum entre as 34.918 mortes violentas de crianças e jovens no Brasil nos últimos cinco anos.

Do total de mortes violentas nessa faixa etária, 80% das vítimas são pessoas negras.

O levantamento, divulgado hoje (22), é do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) a partir de boletins de ocorrência registrados em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal entre 2016 e 2020.

De acordo com o estudo, as mortes violentas se concentram principalmente na adolescência: 31 mil do total das vítimas têm entre 15 e 19 anos. Deste total, 25.592 (ou 80%) são pessoas negras.

Ampliando a análise para crianças a partir de 10 anos, a maioria das vítimas é do sexo masculino (91%) e alvo de armas de fogo (83%) em casos de homicídio doloso, feminicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes em decorrência de intervenção policial.

Segundo o estudo, cerca de 90% das mortes violentas são homicídios dolosos.

No caso dos meninos, conforme a idade avança, aumenta a proporção de mortos pela polícia, chegando a 16% dos casos de mortes violentas entre 10 e 19 anos em 2020.

Conforme o levantamento, São Paulo é o estado que mais registra casos do tipo na proporção de mortes violentas.

Em 44,4% dos registros, os meninos de 10 a 19 anos morreram em decorrência de intervenção policial.

Embora negros sejam 53% da população brasileira, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a proporção de jovens negros com mortes violentas segue a alta tendência nacional para qualquer idade.

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil