Lava Jato perde de 6 a 5 no Supremo, que pode libertar 160 condenados

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 14/03/2019 ร s 19:12 | Atualizado em: 14/03/2019 ร s 19:12
Aproximadamente 160 condenaรงรตes poderรฃo ser anuladas a partir de agora, segundo os investigadores da Lava Jato, graรงas ao voto de seis dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na sessรฃo desta quinta-feira (14).
Para a Lava Jato, o resultado negativo poderรก “acabar com as investigaรงรตesโ. As informaรงรตes sรฃo da Agรชncia Brasil.
Por 6 votos a 5, o STF decidiu, hoje, a favor da competรชncia da Justiรงa Eleitoral para investigar casos de corrupรงรฃo quando envolverem simultaneamente caixa 2 de campanha e outros crimes comuns, como lavagem de dinheiro, que sรฃo investigados na Operaรงรฃo Lava Jato.
Com o fim do julgamento, os processos contra polรญticos investigados na Lava Jato e outras apuraรงรตes que envolvam simultaneamente esses tipos de crimes deverรฃo ser enviados da Justiรงa Federal, onde tramitam atualmente, para a Justiรงa Eleitoral, que tem estrutura menor para supervisionar a investigaรงรฃo, que pode terminar em condenaรงรตes mais leves.
Durante dois dias de julgamento, votaram para manter as investigaรงรตes na esfera federal os ministros Luรญs Roberto Barroso, Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz Fux e Cรกrmen Lรบcia.
Votaram pela competรชncia da Justiรงa Eleitoral os ministros Marco Aurรฉlio, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e o presidente, Dias Toffoli.
De acordo com a maioria, nos casos envolvendo crimes comuns conexos aos eleitorais, prevalece a competรชncia da Justiรงa Eleitoral.
Segundo os ministros, a corte somente reafirmou entendimento que prevalece hรก dรฉcadas na sua jurisprudรชncia.
Procuradores da Lava Jato
De acordo com procuradores da forรงa-tarefa do Ministรฉrio Pรบbico Federal (MPF) que participam das investigaรงรตes da Lava Jato, o resultado terรก efeito nas investigaรงรตes e nos processos que estรฃo em andamento nos desdobramentos da operaรงรฃo, que ocorrem em Sรฃo Paulo e no Rio de Janeiro, alรฉm do Paranรก.
O julgamento tambรฉm foi marcado pela reaรงรฃo dos ministros contra crรญticas dos procuradores aos integrantes do STF.
Contra-ataque
Em duas decisรตes, o presidente da corte, Dias Toffoli, enviou uma representaรงรฃo no Conselho Nacional do Ministรฉrio Pรบblico (CNMP) e na corregedoria do Ministรฉrio Pรบblico Federal (MPF) contra o procurador da forรงa-tarefa Diogo Castor.
Na tarde de hoje, Toffoli abriu um inquรฉrito para apurar notรญcias falsas (fake news) que tenham a corte como alvo.
O ministro Gilmar Mendes tambรฉm criticou os procuradores.
“Quem encoraja esse tipo de coisa? Quem รฉ capaz de encorajar esse tipo de gente, gentalha, despreparada, nรฃo tem condiรงรตes de integrar um รณrgรฃo como o Ministรฉrio Pรบblico”, afirmou.
Caso
A questรฃo foi decidida com base no inquรฉrito que investiga o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes e o deputado federal Pedro Paulo Carvalho Teixeira (DEM-RJ) pelo suposto recebimento de R$ 18 milhรตes da empreiteira Odebrecht para as campanhas eleitorais.
Segundo as investigaรงรตes, Paes teria recebido R$ 15 milhรตes em doaรงรตes ilegais no pleito de 2012.
Em 2010, Pedro Paulo teria recebido R$ 3 milhรตes para campanha e mais R$ 300 mil na campanha ร reeleiรงรฃo, em 2014.
Os ministros julgam recurso protocolado pela defesa dos acusados contra decisรฃo individual do ministro Marco Aurรฉlio, que enviou as investigaรงรตes para a Justiรงa do Rio.
Os advogados sustentam que o caso deve permanecer na corte, mesmo apรณs a decisรฃo que limitou o foro privilegiado para as infraรงรตes penais que ocorreram em razรฃo da funรงรฃo e cometidas durante o mandato.
Foto: Nelson Jr./SCO/STF