Manaus bate recorde de enterros no dia da reportagem de Cabrini
A cidade registrou 140 sepultamentos e duas cremações no domingo, 26. O nĂºmero supera o recorde de 136, registrado no inĂcio da Ăºltima semana

Publicado em: 27/04/2020 Ă s 12:38 | Atualizado em: 25/05/2020 Ă s 11:52
Manaus teve o maior registro de enterros feitos desde o inĂcio da pandemia do novo coronavĂrus, neste domingo (26).
Em 24 horas, foram 140 sepultamentos e duas cremações registrados sĂ³ na capital, segundo a prefeitura.
O nĂºmero supera o recorde de 136, registrado no inĂcio da Ăºltima semana.
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HĂ¡ uma semana, a mĂ©dia diĂ¡ria passou a ser de 100 enterros por dia.
Antes, a mĂ©dia em toda a capital amazonense era de 30 sepultamentos por dia, segundo o Sindicato das Empresas FunerĂ¡rias do Estado (Sefeam).
O Amazonas jĂ¡ tem mais de 3,8 mil casos confirmados de coronavĂrus e o nĂºmero de mortes jĂ¡ ultrapassa 300.
As mortes sĂ£o de casos em geral, entre pacientes de Covid-19, mortos por sĂndromes respiratĂ³rias ou outras causas.
ConexĂ£o RepĂ³rter
O programa ConexĂ£o RepĂ³rter, apresentado pelo jornalista Roberto Cabrini, vai ao ar nesta segunda-feira, Ă s 22h45, no SBT.
O programa traz reportagem sobre os bastidores do enfrentamento Ă crise do novo coronavĂrus em Manaus e no Amazonas
O estado tem mais de 3 mil casos e as mortes jĂ¡ chegam a 287.
Cabrini visitou, entre outras estruturas, o Hospital de Campanha Municipal Gilberto Novaes.
Administrado pela Prefeitura de Manaus, Grupo Samel e Instituto Transire, a unidade de saĂºde trata pacientes com a CĂ¡psula Vanessa.Â
Criada pelo Grupo Samel, a cĂ¡psula protege profissionais de saĂºde e reduz o tempo de internaĂ§Ă£o de pacientes.
Na visita que fez ao hospital, Cabrini foi recebido pelo prefeito Arthur Neto (PSDB), a primeira-dama Elisabeth Valeiko e o presidente do Grupo, Luiz Alberto Nicolau.
Dos 142 mortos enterrados neste domingo:
- 10 morreram pela Covid-19
- 47 morreram por sĂndrome ou insuficiĂªncia respiratĂ³ria
- 28 tiveram registro de causa “indeterminada ou desconhecida”
- 57 nĂ£o tiveram detalhes sobre causa da morte
“O nĂºmero de sepultamentos do dia 26 agora passa a ser o maior do perĂodo, desde o agravamento da pandemia pelo novo coronavĂrus”, diz nota da prefeitura.
A maioria dos sepultamentos Ă© feita no cemitĂ©rio Nossa Senhora Aparecida, bairro TarumĂ£, Zona Oeste de Manaus, que recebeu a instalaĂ§Ă£o de contĂªineres frigorĂficos para armazenar corpos.
Foi lĂ¡ tambĂ©m que a prefeitura abriu valas comuns para conseguir suprir a demanda de enterros.
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DenĂºncias sobre falta de estrutura
Com a mĂ©dia diĂ¡ria de 100 enterros por dia, os cemitĂ©rios de Manaus começam a dar sinais de que nĂ£o hĂ¡ estrutura ou mĂ£o de obra para lidar com a demanda.
Neste domingo, dia do recorde de sepultamentos, uma famĂlia precisou enterrar o prĂ³prio pai, por falta de coveiros.
Depois de relatar que precisou “revirar” cĂ¢maras frigorĂficas para encontrar o corpo do pai, um dos filhos desabafou sobre a situaĂ§Ă£o.
“Muitos corpos em cima do outro, sem identificaĂ§Ă£o nenhuma. NĂ³s tivemos que nos arriscar, tivemos que nos arriscar dentro do freezer, dentro do frigorĂfico para identificar nosso pai”, disse MĂ¡ximo.
Por meio de nota, a Prefeitura de Manaus disse que a situaĂ§Ă£o foi “um fato isolado” e que vai apurar o ocorrido para tomar as medidas cabĂveis.
Sistema funerĂ¡rio em colapso
Em duas semanas, o nĂºmero de sepultamentos nos cemitĂ©rios pĂºblicos da capital amazonense triplicou.
O comparativo considera, por exemplo, os 39 enterros realizados no dia 9 deste mĂªs, enquanto que, no Ăºltimo sĂ¡bado (25), foram 102 registros, um aumento de quase 300% em 16 dias.
Nesse perĂodo, sĂ£o mais de 1,5 mil registros.
As empresas privadas da capital informaram que sĂ³ possuem estoque de urnas funerĂ¡rias para os prĂ³ximos dez dias.
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Foto: BNC Amazonas