Manaus teve o maior registro de enterros feitos desde o início da pandemia do novo coronavírus, neste domingo (26).
Em 24 horas, foram 140 sepultamentos e duas cremações registrados só na capital, segundo a prefeitura.
O número supera o recorde de 136, registrado no início da última semana.
Leia mais
Há uma semana, a média diária passou a ser de 100 enterros por dia.
Antes, a média em toda a capital amazonense era de 30 sepultamentos por dia, segundo o Sindicato das Empresas Funerárias do Estado (Sefeam).
O Amazonas já tem mais de 3,8 mil casos confirmados de coronavírus e o número de mortes já ultrapassa 300.
As mortes são de casos em geral, entre pacientes de Covid-19, mortos por síndromes respiratórias ou outras causas.
Conexão Repórter
O programa Conexão Repórter, apresentado pelo jornalista Roberto Cabrini, vai ao ar nesta segunda-feira, às 22h45, no SBT.
O programa traz reportagem sobre os bastidores do enfrentamento à crise do novo coronavírus em Manaus e no Amazonas
O estado tem mais de 3 mil casos e as mortes já chegam a 287.
Cabrini visitou, entre outras estruturas, o Hospital de Campanha Municipal Gilberto Novaes.
Administrado pela Prefeitura de Manaus, Grupo Samel e Instituto Transire, a unidade de saúde trata pacientes com a Cápsula Vanessa.
Criada pelo Grupo Samel, a cápsula protege profissionais de saúde e reduz o tempo de internação de pacientes.
Na visita que fez ao hospital, Cabrini foi recebido pelo prefeito Arthur Neto (PSDB), a primeira-dama Elisabeth Valeiko e o presidente do Grupo, Luiz Alberto Nicolau.
Dos 142 mortos enterrados neste domingo :
10 morreram pela Covid-19
47 morreram por síndrome ou insuficiência respiratória
28 tiveram registro de causa “indeterminada ou desconhecida”
57 não tiveram detalhes sobre causa da morte
“O número de sepultamentos do dia 26 agora passa a ser o maior do período, desde o agravamento da pandemia pelo novo coronavírus”, diz nota da prefeitura.
A maioria dos sepultamentos é feita no cemitério Nossa Senhora Aparecida, bairro Tarumã, Zona Oeste de Manaus, que recebeu a instalação de contêineres frigoríficos para armazenar corpos.
Foi lá também que a prefeitura abriu valas comuns para conseguir suprir a demanda de enterros.
Denúncias sobre falta de estrutura
Com a média diária de 100 enterros por dia, os cemitérios de Manaus começam a dar sinais de que não há estrutura ou mão de obra para lidar com a demanda.
Neste domingo, dia do recorde de sepultamentos, uma família precisou enterrar o próprio pai, por falta de coveiros.
Depois de relatar que precisou “revirar” câmaras frigoríficas para encontrar o corpo do pai, um dos filhos desabafou sobre a situação.
“Muitos corpos em cima do outro, sem identificação nenhuma. Nós tivemos que nos arriscar, tivemos que nos arriscar dentro do freezer, dentro do frigorífico para identificar nosso pai”, disse Máximo.
Por meio de nota, a Prefeitura de Manaus disse que a situação foi “um fato isolado” e que vai apurar o ocorrido para tomar as medidas cabíveis.
Sistema funerário em colapso
Em duas semanas, o número de sepultamentos nos cemitérios públicos da capital amazonense triplicou.
O comparativo considera, por exemplo, os 39 enterros realizados no dia 9 deste mês, enquanto que, no último sábado (25), foram 102 registros, um aumento de quase 300% em 16 dias.
Nesse período, são mais de 1,5 mil registros.
As empresas privadas da capital informaram que só possuem estoque de urnas funerárias para os próximos dez dias.
Leia mais no G1.
Foto: BNC Amazonas