Mandetta alerta que uso da cloroquina em casos leves pode matar

Ex-ministro diz que o último mês do Ministério da Saúde – com Nelson Teich à frente da pasta – foi “perdido” e atualmente a pasta está “sem rumo”

Mandetta alerta que uso da cloroquina em casos leves pode matar

Neuto Segundo

Publicado em: 18/05/2020 às 11:17 | Atualizado em: 18/05/2020 às 11:17

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada nesta 2ª feira (18), que o uso de cloroquina para pacientes com quadro leve da covid-19 pode provocar mortes em casa por arritmia.

Mandetta também diz que a prática pode elevar a pressão por vagas em centros de terapia intensiva.

Segundo Mandetta, “33% dos pacientes em hospital, monitorados com eletrocardiograma contínuo, tiveram que suspender o uso da cloroquina porque deu arritmia que poderia levar a parada [cardíaca].”

 

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O número é dos resultados iniciais de estudos que recebeu enquanto estava no governo.

O Brasil só teria enfrentado 1/3 da crise até agora e ainda vai ter 12 semanas “duras” pela frente, diz Mandetta.

Para ele, o último mês do Ministério da Saúde – com Nelson Teich à frente da pasta – foi “perdido e atualmente a pasta está “sem rumo”.

Mandetta também afirma que “nada do que está acontecendo [números de casos e mortes] hoje é surpresa para o governo federal”.

E diz que era difícil estar à frente do ministério e ter o presidente indo contra as medidas recomendadas.

“Entre os ministros, tentávamos arrumar a situação. Mas passava um dia, três dias, e novamente tínhamos uma situação contraditória [do presidente], seja de aglomeração ou ida a estabelecimentos comerciais”.

A leitura do ex-ministro é que a defesa da cloroquina é baseada na ideia que “se tiver um remédio, as pessoas voltam ao trabalho”.

Mandetta diz que, se isso tivesse “lógica de assistência”, seria defendido por especialistas e não pelo presidente.

 

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Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República